Você sabe o que é cultura organizacional tóxica? O termo se refere a diversos comportamentos inadequados entre os times e suas lideranças, onde os colaboradores são cobrados de forma excessiva, muitas vezes sentindo-se desrespeitados e desmotivados, por não verem seu esforço ser reconhecido.
Uma pesquisa recente do MIT aponta que a principal motivação para a “Grande Renúncia” (Great Resignation) – nome dado ao fenômeno observado desde o início da pandemia da covid-19, sobretudo nos Estados Unidos, onde um número recorde de pessoas deixou voluntariamente seus empregos- é a cultura tóxica nas grandes empresas. Mesmo com remunerações atrativas, colaboradores acabam preferindo deixar seus empregos, pois os salários e benefícios não são o suficiente para mantê-los em uma empresa. Inicialmente, se pensou que fosse um movimento momentâneo, que iria durar alguns meses, no começo da pandemia, mas percebeu-se que esse movimento está se perpetuando além do tempo previsto por especialistas.
De acordo com a autora best-seller Tonia Casarin – que acaba de lançar o livro “Liderança Exponencial” – no qual aborda as principais características do líder do futuro – o comportamento negativo pode afetar o desempenho do time. “Um ambiente tóxico pode trazer diversos malefícios à saúde física e mental, é dever do líder criar um lugar seguro para todos dentro da empresa”, comenta a especialista.
Para Tonia, no período em que vivemos atualmente, “esse tipo de comportamento corporativo ainda existe mas não com a mesma intensidade, pois as novas gerações, ao ingressarem no mercado de trabalho, tendem a não aceitar esse tipo de situação”, o que deu espaço para o movimento “Grande Renúncia”.
O que motiva a cultura tóxica?
A cultura tóxica começa quando o clima organizacional sai do controle dos líderes, se iniciando um ambiente de desconfiança entre a equipe e os líderes. “Pense em um local de trabalho: as pessoas que estão ali reunidas possuem personalidades e histórias de vida diferentes, e precisam trabalhar juntas em prol de um mesmo objetivo”, analisa a autora.
Sendo assim, só existe uma maneira de conseguir uni-las como um time: reforçando a confiança entre todas. “Elas precisam confiar em seus pares, líderes e, por fim, na organização como um todo, para que se vejam como parte da equipe no longo prazo”, acrescenta Tonia.
Pensando nisso, Tonia listou alguns comportamentos tóxicos comuns a serem evitados no ambiente de trabalho:
E o que deve ser feito para criar um bom clima organizacional?
Investir na conexão entre líderes e equipes
Para a autora, as empresas e, consequentemente, os líderes precisam se adequar para enxergar os colaboradores além do papel profissional, como seres integrais que precisam ser ouvidos e estar bem consigo e com seus pares. “O bem-estar e o estar confortável em seu papel é positivo para todo mundo”, aconselha a autora.
Transmitir confiança e segurança
Colaboradores precisam se sentir seguros no ambiente de trabalho, podendo expor suas opiniões, erros e acertos como profissionais, sabendo que não receberão julgamentos baseados apenas em resultados.
A autora diz que, nesses momentos de construção de confiança da equipe, é preciso trazer segurança psicológica, para criar um ambiente seguro, onde se possa assumir riscos sem grandes traumas. “Sempre devemos trazer elogios, feedbacks e mostrar os resultados, mesmo que ruins, em reuniões, apresentar exemplos. Claro que tudo isso de forma adequada, pensando no bem estar do time, para que não cause constrangimentos na equipe”, alerta a autora.
Promover diversidade, equidade e inclusão
Outra iniciativa positiva é criar programas de diversidade, nos quais os colaboradores possam se sentir representados em meio à equipe, dessa forma valorizando as diferenças e criando um ambiente harmonioso e inclusivo.
“Pertencer a uma equipe vai muito além de somente fazer parte de um coletivo que realiza funções profissionais. Sentir-se de fato incluído, representado e valorizado de forma legítima, faz toda diferença no ambiente profissional”, finaliza Tonia.
* Tonia Casarin – Mestre em Liderança com foco no desenvolvimento de Competências Socioemocionais pela Universidade de Columbia (NY), é pesquisadora, palestrante e autora de best-sellers.