O escândalo de assédio sexual e moral na Caixa Econômica Federal, revelado pela coluna em junho, pode ter mais uma consequência nada agradável para o banco.
Fontes bem situadas internamente dizem, sob reserva, que a gigante global KPMG, responsável por fazer a auditoria externa da instituição, pode determinar que seja incluída uma ressalva no balanço relativo a este ano de 2022.
A ressalva, dizem essas fontes, seria motivada por suspeitas de que, sob o comando do então presidente Pedro Guimarães, dirigentes teriam aprovado operações sem a devida análise das áreas técnicas.
As evidências de que ele assediava moralmente seus subordinados contribuem para a desconfiança dos auditores.
Ressalvas em balanços representam um problema para instituições financeiras porque indicam a existência de possíveis irregularidades na gestão.
Pente-fino na apuração interna
A atual cúpula da Caixa já recebeu a sinalização de que a KPMG pretende revisar cuidadosamente as apurações internas realizadas pelo banco a partir das denúncias envolvendo Guimarães.
O pente-fino deverá se concentrar, especialmente, no trabalho de um escritório de advocacia privado contratado para fazer uma investigação independente sobre os casos de assédio.
A tendência, segundo essas mesmas fontes, é que a auditoria externa faça uma espécie de rechecagem da apuração e peça mais informações sobre pontos que, no entendimento de seus analistas, carecem de aprofundamento.
A ideia é impedir que a atual administração do banco, que contratou a investigação externa, atue para minimizar os problemas do passado recente.
Ironia suprema
Caso se confirme a previsão de que o próximo balanço virá com uma anotação negativa, e justamente em razão da gestão de Guimarães, será uma enorme ironia.
Quando estava no cargo, o banqueiro se gabava de ter conseguido retirar ressalvas que haviam sido feitas em razão de irregularidades da era petista, como as que foram descobertas pela Lava Jato e levaram à prisão, por exemplo, de Geddel Vieira Lima, ex-vice-presidente do banco.