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Ex-lutador que matou esposa e tirou corpo do apartamento com carrinho chora em interrogatório e alega briga por ciúme

Luis Paulo Lima dos Santos foi preso pelo feminicídio de Ellida Tuane Ferreira da Silva Santos. Vítima foi baleada e morta em novembro; cadáver foi achado em córrego na Zona Leste.

Corpo de vítima foi tirado com ajuda de carrinho de prédio em SP, segundo a polícia — Foto: Reprodução/TV Globo

O ex-lutador Luis Paulo Lima dos Santos, de 44 anos, que é acusado pela Polícia Civil de matar a esposa e jogar o corpo dela num córrego, na Zona Leste de São Paulo, chorou no interrogatório à polícia e alegou que a confusão que terminou com a morte de Ellida Tuane Ferreira da Silva Santos começou por ciúme.

Segundo o interrogatório, o casal tinha o hobby de atirar ao menos uma vez por mês. Por conta de ciúme de Ellida depois de dar à luz, segundo ele, as brigaram intensas começaram em setembro. Na ocasião, a vítima teria apontado uma arma para o marido e a perguntar se teria algum caso fora do casamento.

A situação teria ocorrido ao menos mais duas vezes. No dia do crime, Luis Paulo alegou que a esposa novamente começou o questionar sobre supostos relacionamentos fora do casamento com a arma em mãos.

Em seguida, o empresário afirmou que pegou uma arma que deixava ao lado da casa por medo de roubos e atirou quatro vezes contra a vítima “para se defender”.

Quando perguntado sobre o filho e a dispensa da arma, ele começou a chorar e pediu para não continuar. O bebê está com a família de Ellida depois de uma decisão da Justiça.

O caso segue em investigação pela Polícia Civil. Dois projéteis retirados do corpo foram encaminhados para confronto balístico.

Gurda definitiva

Valdir Lima, irmão da vítima, afirmou ao g1 em 21 de novembro que a família entrou na Justiça e conseguiu a guarda definitiva da criança, que ficará com a avó materna.

O crime foi cometido na frente do filho de seis meses do casal. Depois do ocorrido, o suspeito foi a Campinas, no interior do estado, para almoçar com a família da vítima, que ainda era considerada desaparecida, segundo informações do irmão de Ellida Tuane.

A professora tinha 26 anos e foi morta com dois tiros dentro do apartamento onde morava com o marido e a criança. Luis Paulo foi preso pela Polícia Civil na quarta-feira, 9 de novembro, quando confessou o assassinato da mulher. O crime ocorreu no dia 4. Ele alegou legítima defesa na audiência de custódia.

O investigado foi acompanhado de uma advogada que leu um texto à juíza nos 3 minutos de audiência e afirmou que Luis teria se defendido da esposa, que sabia usar armas, inclusive fuzil, conforme o argumento.

Câmeras de segurança

Vídeos gravados por câmeras de segurança do prédio mostram os últimos momentos de vida de Ellida. Ela aparece dentro de um elevador do condomínio, na sexta. No sábado (5), as câmeras gravaram o momento em que Luis Paulo sai do imóvel, levando um carrinho de compras, onde, segundo a investigação, estava o corpo da mulher, dentro de um saco. Na sequência, ele coloca o cadáver no carro (veja abaixo).

Valdir Lima contou que o cunhado chegou a conversar com a família da vítima e disse que ela tinha ido para o interior, sem o bebê, para “fazer uma surpresa”. E que estaria apenas com 5% de bateria do celular.

“Falou que ela tinha pegado um ônibus e ido para Campinas. A gente começou a desconfiar porque ela não deixaria o bebê ainda amamentando em casa. [Ele] premeditou o crime e chegou na casa da minha madrasta se passando de preocupado do ‘sumiço’ dela [Ellida]. Tinha feito tudo já”, afirmou o irmão da vítima no dia 10 de novembro.

Desconfiado, Valdir se lembra de que não conseguiu dormir de domingo (6) para segunda-feira (7) e comentou com a esposa que Ellida já estaria morta.

“Liguei para ele [Luis] quando acharam o corpo e foi totalmente frio. Falou: ‘Valdir, tudo bem?’ Eu: ‘Não está nada bem’. Ainda disse, tranquilo: ‘Cara, é ela mesmo’. Nem ao IML [Instituto Médico Legal] ele apareceu. Quando eu juntei as peças, eu falei para minha família toda: ‘Foi ele que matou’.”
Segundo o irmão, nos últimos meses a vítima havia mudado o comportamento. A jovem alegre estava fria e não conversava mais como antes.

“Estava fria. Ela não era daquele jeito. Fazia videochamada direto, e a gente brincava antes. Ultimamente estava sumida, não era mais a mesma”, lamentou.

De acordo com o Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), Luis Paulo disse ter atirado quatro vezes em Ellida. Os vizinhos do prédio contaram aos investigadores que ouviram barulhos de tiros ainda na sexta, mas nenhum deles chamou a polícia.

Ele ainda chegou a mentir e registrar na sexta um boletim de ocorrência do desaparecimento dela numa delegacia para tentar despistar a investigação e dificultar o esclarecimento do crime. Disse que a mulher saiu da residência para viajar a Campinas, onde mora a família dela, mas sumiu.

O cadáver de Ellida foi encontrado pelas autoridades. Estava dentro de um saco plástico, jogado num córrego no Parque do Carmo, Zona Leste da capital. Ele tinha duas marcas de bala: no peito e no ombro. A identificação da vítima só ocorreu na terça-feira (8).

Luis Paulo é ex-lutador profissional de artes marciais e dono de academia. O empresário deverá ser indiciado pela polícia por feminicídio e ocultação de cadáver.

A reportagem não conseguiu localizar a defesa do preso para comentar o assunto, até a última atualização desta reportagem.