Julgamento de Vítor de Oliveira Serafim, Wagner de Oliveira Serafim e Ana Patrícia da Silva Laurentino começou na manhã de hoje e deve ser encerrado apenas após às 22h
Uma das principais testemunhas ouvidas nesta segunda-feira, 12, durante o júri popular de Vítor de Oliveira Serafim, Wagner de Oliveira Serafim e Ana Patrícia da Silva Laurentino, acusados de matar o menino Rhaniel Pedro Laurentino da Silva, 10 anos, crime ocorrido em maio de 2021, no bairro do Clima Bom, na capital alagoana, a avó materna da criança, Regina Laurentino, disse que a filha era uma boa mãe para o neto.
A aposentada foi a segunda testemunha ouvida e contou que Ana Patrícia cuidava bem do próprio filho e tinha boa relação com a família, o que começou a mudar após ela iniciar o relacionamento com Vitor Cavalcanti, um dos acusados.
“Ela era uma mãe que se preocupava, cuidava muito bem, nos estudos, atenta… Depois desse relacionamento dela, ela foi ficando mais… distante”, contou.
A idosa disse ainda que no dia em que a criança sumiu não notou nada de diferente na filha. A avó teria ainda questionado o fato do menino ter ido à aula, já que estava chovendo, mas não estranhou as justificativas apresentadas, já que o garoto era um estudante dedicado e teria uma prova dias depois, como a filha alegou.
Outras testemunhas
Além da avó, outras quatro testemunhas foram ouvidas. A vizinha, que ajudou Ana Patrícia a imprimir cartazes de buscas pelo garoto, que foi a primeira a depor.
O pai do menino, que foi ouvido de forma virtual. Ele contou que passou a desconfiar da ex-mulher quando ela levou a polícia até à sua casa, em Pernambuco.
Depois dele, a professora do reforço, que disse que Rhaniel nunca chegou à sua casa no dia em que seu sumiço foi comunicado. Ela falou também que imaginou que o motivo da ausência fosse a chuva e que só tomou conhecimento do caso, quando Ana Patrícia lhe telefonou perguntando se o filho já teria saído da aula, horas depois.
A última testemunha a ser ouvida foi a prima de Rhaniel Pedro, uma adolescente de 14 anos, que foi vítima de abuso sexual praticado por Vitor Oliveira, padrasto do menino, semanas antes do desaparecimento do menor. Ela disse que o abuso aconteceu enquanto Rhaniel estava na casa da avó, que ao ouvir o relato, passou mal e precisou receber atendimento médico.
Depois da menor, já no horário da tarde, foram ouvidos os irmãos acusados Vitor e Wagner.
Outras etapas do júri
Ainda durante a tarde os promotores públicos realizaram as acusações.
Por volta das 18h a defesa iniciou a defesa oral. Primeiro, os advogados de Ana Patrícia. Eles questionam a falta de provas técnicas, já que ela alega não ter tomado conhecimento do que o então marido e cunhado fizeram.
Depois será a vez dos defensores dos irmãos. Em seguida desta etapa deverá ainda haver réplica e tréplica das partes e só depois disso o júri se reunirá para deliberar.
A expectativa é que os trabalhos sejam finalizados apenas depois das 22 horas.
O CRIME
O menino Rhaniel Pedro Laurentino da Silva, de apenas 10 anos, desapareceu na manhã do dia 12 de maio de 2021, no Clima Bom, e foi encontrado morto nas primeiras horas da manhã do dia seguinte, no mesmo bairro. De acordo com a versão da mãe, o menino teria saído de casa para ir ao reforço escolar, mas nunca chegou à residência da professora.
Quando, supostamente, se deu conta da ausência, a família iniciou apelos nas redes sociais e junto a veículos de comunicação, mas a busca terminou de forma trágica. O menino foi encontrado em meio a entulhos, enrolado em um lençol, na rua Doutor Murilo Cardoso Santana. Inicialmente o delegado Fábio Costa, um dos responsáveis pela investigação, disse à imprensa que acreditava que Rhaniel teria sido morto em outro local.
À época, a Perícia Oficial de Alagoas divulgou que a causa da morte do menor foi asfixia por aspiração de sangue, em decorrência de ferimentos provocados por instrumento contundente. Durante o exame de necropsia, foram constatadas lesões na região craniana e na face da vítima. A análise cadavérica encontrou ainda hematomas na região do tórax e no interior da boca, a qual teria provocado a asfixia que gerou a morte da criança.
Em junho daquele ano um mecânico de 45 anos, foi preso suspeito de estupro de vulnerável, no bairro Clima Bom, após denúncias. As vítimas possuem idade entre 6 e 12 anos e residem no mesmo bairro. A polícia cogitou a possibilidade de Rhaniel ter sido uma de suas vítimas, o que foi descartado posteriormente.
Em seguida, as investigações apontaram que o crime ocorreu na madrugada do dia 12 de maio, quando estavam na residência a mãe do menor, Patrícia, e os irmãos Oliveira. O corpo teria sido desovado no dia 13 de maio, quando foi achado.
A polícia também afirma que o material genético dos dois homens foi encontrado na cueca do menor, o que indica que ambos vestiram o garoto. A criança ainda apresentava lacerações no ânus e teria sofrido violência sexual com um objeto não determinado.
Para a polícia judiciária, a criança vivia em um ambiente violento, sendo alvo de agressões por parte da mãe. Segundo o delegado Bruno Emílio, titular do inquérito, no celular da mãe do menor foram encontradas mais de 70 buscas na internet sobre crimes contra menores, como homicídios e violência sexual.
Mesmo sem ter confissão de nenhum dos envolvidos, a Polícia afirma não ter dúvida da participação de todos os envolvidos a partir das provas técnicas obtidas e enviadas à justiça.
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