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Idosa que teve a paternidade reconhecida aos 97 anos ganha nova família: ‘Natal especial’

Carmelita de Santo Antônio Alves Chaves em audiência de reconhecimento de paternidade — Foto: Joubert Oliveira/ TJMG/ Divulgação

Aos 97 anos, a professora Carmelita de Santo Antônio Chaves ganhou mais um sobrenome: Alves. Demorou quase um século para ela ter a paternidade reconhecida, mas não foi só isso. O presente de Natal antecipado foi a descoberta de uma nova família.

Essa história começou em 1925, quando Carmelita e a irmã gêmea, Carmélia, nasceram, em São João Del Rei, no Campo das Vertentes. Na certidão de nascimento delas só constava o nome da mãe.

Quando tinham 3 anos de idade, as irmãs foram doadas a duas comadres italianas, mas não perderam contato. A única coisa que Carmelita sabia sobre o pai é que ele existia e era português.

“Mas nunca tive interesse, quando criança, de procurar. Meus pais adotivos eram muito bons, eu vivia alegre, satisfeita. Para mim, ser filha adotiva nunca me incomodou. Nem a mim nem a minha irmã, porque éramos muito bem tratadas”, disse.

Em março deste ano, Carmelita decidiu buscar mais informações sobre a própria origem. O objetivo dela era ajudar os netos a conquistar a cidadania portuguesa para estudar na Europa.

“São quatro netas que querem estudar no estrangeiro, e a cidadania para elas facilita. Para mim não vale mais nada. A gente tem que pensar no futuro das crianças e dos jovens, eles que são o futuro do mundo, que vão comandar o mundo”, afirmou.

 

Carmelita e a filha foram passear em São João Del Rei e decidiram passar em Carrancas, no Sul de Minas, para tentar descobrir mais histórias do passado. Lá, foram apresentadas à neta de Accácio José Alves, o pai português da professora, e, a partir dela, a toda a família.

A idosa conheceu cinco irmãos vivos e vários sobrinhos, que contaram que já sabiam da existência das gêmeas e sempre tiveram vontade de conhecê-las.

“Minhas irmãs ficaram muito contentes. A gente tinha receio de ser mal tratada, ser tida como charlatona, mas nos trataram divinamente, como se nos conhecessem há muitos anos”, contou Carmelita.

A família também descobriu, por meio dos registros da Igreja Católica, que o pai batizou Carmelita e Carmélia, junto com a mãe biológica delas, na Catedral Basílica de Nossa Senhora do Pilar de São João Del Rei.

Um exame de DNA confirmou o parentesco da professora com os demais irmãos e, na última semana, Carmelita foi reconhecida como filha de Accácio, no Centro de Reconhecimento de Paternidade, do Tribunal de Justiça de Minas Gerais. A irmã gêmea dela, Carmélia, faleceu em outubro.

O novo nome da idosa será Carmelita de Santo Antônio Alves Chaves.

O presente não poderia ter vindo em hora melhor: ela vai receber a visita de duas “novas irmãs” em Belo Horizonte, no Natal.

“Estou muito feliz. Graças a Deus, uma nova família. Vai ser um Natal com novidade, especial”, disse Carmelita.