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Pai e madrasta de criança que morreu por suspeita de maus-tratos já tinham sido denunciados

Ian Henrique de Almeida Rocha morreu nesta terça-feira — Foto: Arquivo pessoal/Reprodução

“A criança chega da casa do pai com hematomas nas costas, braços, pernas e pé e o pai justifica que ele caiu e se machucou”.

relato foi feito no dia 15 de maio de 2022 à Polícia Militar pela mãe de Ian Henrique de Almeida Rocha, o menino de 2 anos que morreu após ser internado em estado gravíssimo por suspeita de maus-tratos, em Belo Horizonte. A TV Globo teve acesso com exclusividade ao documento.

Na época, o caso foi encaminhado para a 2ª Delegacia de Polícia Civil de Santa Luzia, na Grande BH. A equipe de reportagem procurou a assessoria da corporação para saber se a denúncia foi investigada e aguarda retorno.

No dia em que o boletim de ocorrência foi registrado, a mãe chegou a levar a criança na Unidade de Pronto Atendimento de Santa Luzia. Ian foi atendido, e a médica constatou o ferimento no rosto e uma perfuração em um dos tímpanos.

Nesta terça-feira (10), a Polícia Civil confirmou pelas redes sociais a morte de Ian Henrique de Almeida Rocha, de 2 anos, internado desde domingo (8), em estado gravíssimo, por suspeita de maus-tratos.

A criança estava no Hospital de Pronto-Socorro João XXIII, após ser transferida do Hospital Risoleta Tolentino Neves. O garoto apresentava lesão na cabeça, escoriação no queixo, edema na testa e sofreu duas paradas cardiorrespiratórias.

Médicos desconfiaram dos ferimentos e das versões apresentadas pelo pai e pela madrasta e acionaram a Polícia Militar (PM).

O homem, de 31, e a mulher, de 34, foram levados pelos militares à Delegacia de Plantão Especializada em Atendimento à Mulher, Criança, Adolescente e Vítimas de Intolerâncias (Demid). Eles foram presos em flagrante por omissão de socorro qualificada e encaminhados ao sistema prisional.

Relação conturbada

A mãe e o pai da criança eram separados. A mulher, inclusive, já tinha procurado a Polícia Militar para dizer que a atual companheira tinha cíumes e fazia ameaças a ela. A denúncia foi feita em maio de 2021.