O caso ocorreu na Vila de Boca Nova, comunidade localizada a 15 km de Capitão Poço, cidade do interior do nordeste do Pará. Quem comandou o show foi o cantor e forrozeiro Antônio Marcos do Nascimento. Amigo de José, o músico conta que ter o show no velório foi um pedido do falecido. Antes de partir, José quis que, no lugar das lágrimas, houvesse sorriso e boas lembranças ao som do forró, que teria que ser cantado pelo seu sanfoneiro preferido.
“Ele amava muito forró pé de serra, e já havia me pedido para tocar a sanfona no dia do velório dele. Ele queria se despedir ao som de forró”.
José Vieira, que morreu de causas naturais, deixou esposa e dez filhos. Ao saber da morte do amigo, Antônio Marcos se reuniu com a família em luto para contar sobre este último. “Meio estranho tocar forró pé de serra no velório. Apesar de saber que era a vontade dele, eu precisava pedir permissão para a família, né, para que ninguém se sentisse ofendido de ter um show de forró no velório. Mas todo mundo aceitou e o pedido do José foi atendido”, diz.
A amizade de longa data começou quando José passou a frequentar as festas de forró onde Antônio tocava. De fã, se tornou um grande amigo do sanfoneiro. “Eu sou do Ceará, e José também tem parentescos com o Nordeste. Então o forró foi esse elo entre nós”.
‘Toco do cabaré ao velório’
A “festa” no velório foi surpreendente até mesmo para o sanfoneiro.
“Me despedir dele com música foi complicado: gratificante e triste ao mesmo tempo. Uma mistura de emoções”, diz.
Antônio diz que a ideia fez sucesso e que já recebeu muitas mensagens de pessoas encomendando seu show em velórios. Ele revela ainda, que esta não foi a primeira vez que se apresentou nesse contexto inusitado. “Já toquei no velório do ex-prefeito de Capitão Poço”, conta.
O clima descontraído já garantiu até um novo slogan ao forrozeiro. “Agora é assim: Antônio Marcos toca do cabaré ao velório”, diz, bem humorado.