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Aluna da USP suspeita de desvio ganhou R$ 3 mil do Auxílio Emergencial

De acordo com o Portal da Transparência, Alicia Dudy Muller recebeu seis parcelas de R$ 600 entre junho e novembro de 2020

São Paulo – A estudante suspeita de ter desviado quase R$ 1 milhão da comissão de formatura de sua turma na Faculdade de Medicina da USP recebeu R$ 3 mil do Auxílio Emergencial.

De acordo com dados do Portal da Transparência do governo federal, Alicia Dudy Muller Veiga, de 25 anos, recebeu seis parcelas de R$ 600 entre junho e novembro de 2020, como beneficiária do programa.

A estudante é alvo de um inquérito na Polícia Civil por apropriação indébita. Os colegas de turma suspeitam que ela tenha desviado R$ 920 mil do fundo de formandos da 106ª turma da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

“Estou escrevendo para dizer que não temos dinheiro. Com toda a dor, culpa e arrependimento que vocês podem imaginar”, escreveu a estudante em um grupo de WhatsApp. Em uma outra mensagem, ela chegou a convocar uma reunião de emergência para explicar o caso antes que ele tivesse repercussão.

A investigação está em andamento no 16º Distrito Policial.

Além disso, Alicia também é investigada, em outro inquérito, por suposta prática de estelionato e lavagem de dinheiro após o dono de uma lotérica em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, registrar um boletim de ocorrência contra ela.

Isso porque a suspeita tentou apostar, sem pagar, um total de R$ 891 mil em bilhetes da Lotofácil.

As investigações sobre o sumiço do dinheiro da formatura e a lavagem de dinheiro são paralelas e têm origem diferente. Um caso só foi relacionado ao outro pelos estudantes na semana passada.

O Metrópoles tenta contato com a estudante desde o domingo (15/1), sem sucesso. O espaço segue aberto para manifestação.

O que diz a Faculdade de Medicina da USP

A Diretoria da Faculdade de Medicina afirma que foi informada que a Comissão de Formatura foram vítimas de fraude e que “os fatos estão sendo apurados, buscando-se identificar os responsáveis pela fraude e a Diretoria está apoiando na orientação aos alunos envolvidos”.

O que diz a comissão de formatura

A comissão de formatura da 106ª turma do curso de Medicina da Faculdade de Medicina da USP emitiu uma nota dizendo que teve conhecimento de que a então presidente da comissão transferiu, sem o conhecimento do outro membro da comissão, o montante de 927 mil reais para uma conta pessoal.

Veja a nota na íntegra:

“A Associação de Formatura da 106a Turma do Curso de Medicina da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo informa que, no dia 6 de janeiro de 2023, teve conhecimento de que a então Presidente desta comissão retirou, sem o conhecimento e consentimento de qualquer outro membro da comissão, um montante totalizando aproximadamente 927.000,00 reais. A atitude isolada não representa moral e eticamente a postura dos demais membros desta Comissão e os mais de 110 alunos aderidos, vítimas dessa conduta.

Ressalta-se o entendimento desta comissão de que a [suspeita] descumpriu nosso Estatuto ao movimentar esse montante sem a assinatura de nenhum outro membro e transferindo-o a uma conta pessoal sua. Na data do 6 de janeiro de 2023 a Comissão da Turma 106 tomou conhecimento dos fatos por meio de uma mensagem de WhatsApp em que a [suspeita] confessava as transferências para uma conta pessoal sua. Ela alega ter perdido cerca de 800,000.00 reais investindo em um esquema supostamente fraudulento da empresa “Sentinel Bank”. O restante, confessa ter utilizado para, em cunho pessoal, contratar advogados para tentar reaver o dinheiro perdido. O montante de cerca de 927.000,00 foi arrecadado durante 4 anos pela empresa ÁS Formaturas.

De toda a história contada pela [suspeita], o único fato que temos certeza é a transferência do montante guardado sob custódia da empresa ÁS Formaturas para uma conta pessoal dela. Ainda estamos averiguando em que contexto foram realizadas as transferências”.

O que diz a ÁS Formaturas

A Ás Formaturas afirma que não era responsável pela realização ou produção do evento de formatura. A empresa era incubida de arrecadar os valores dos formandos e transferir para a turma. Em nota, a Ás informou que “todas as transferências foram realizadas rigorosamente conforme estabelecido nas cláusulas contratuais”.

“Estamos à disposição das autoridades para o fornecimento de contratos, documentos, e-mails e demais informações. Finalmente, gostaríamos de informar que mesmo estando isento de responsabilidades legais, estamos em contato com a comissão de formatura para buscar algum tipo de solução que viabilize a realização do evento planejado”, diz a nota.