Política

Ricardo Galvão assume CNPq e diz que ciência ‘sobreviveu’ a governo ‘negacionista’ de Bolsonaro

Pesquisador dirigiu Inpe de 2016 a 2019 e foi demitido do cargo pelo ex-presidente após divulgação de dados sobre aumento do desmatamento na Amazônia.

O pesquisador Ricardo Galvão assumiu nesta terça-feira (17) a presidência do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Emocionado, ele fez críticas à gestão Jair Bolsonaro durante discurso.

Vinícius Cassela/g1

Vinícius Cassela/g1

Galvão foi diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) de 2016 a 2019. Ele foi demitido do cargo pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que acusava o órgão de mentir sobre dados que indicavam a alta do desmatamento na Amazônia.

No primeiro pronunciamento como presidente do CNPq, o pesquisador afirmou que a ciência brasileira “sobreviveu ao cataclismo político promovido por um governo negacionista”.

“[Governo Bolsonaro] que empreendeu verdadeiro desmonte das políticas públicas em diversas áreas. No dia de hoje viramos essa página triste de nossa história com a convicção de que a ciência voltará a promover grandes avanços para a nossa sociedade”, declarou Galvão.

 

No discurso, ele também defendeu funcionários públicos. “Todos os servidores públicos são acusados de não fazer nada, de não produzir, de não trabalhar, mas vocês foram o sustento contra esse governo. Eu sou muito agradecido a todos muito agradecidos a todos os servidores das unidades”, disse.

CNPq

No CNPq, Galvão irá comandar uma das agências federais de fomento à pesquisa e responsável pelo pagamento de parte das bolsas de pós-graduação ofertadas no Brasil, que estão sem reajuste há quase 10 anos.

Ministra da Ciência e Tecnologia, Luciana Santos já afirmou que uma das metas do governo de Luiz Inácio Lula da Silva é reajustar o valor das bolsas.

Perfil

Nome reconhecido na área científica, Galvão é professor de física da Universidade de São Paulo (USP).

Ele foi incluído na lista da revista “Nature” de 10 cientistas que se destacaram em 2019.

Em 2021, também recebeu prêmio internacional da Associação Americana para o Avanço da Ciência (AAAS) na categoria liberdade e responsabilidade científica.