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Criança tem parte do rosto ‘dilacerado’ após ser atacada pelo cachorro da babá

Théo Lemos, de 1 ano, foi atacado por um cachorro em São Vicente e teve parte do rosto ‘dilacerado’ — Foto: Arquivo pessoal

Um bebê de um ano foi atacado por um cachorro e teve parte do rosto ‘dilacerado’. Ele precisou passar por uma cirurgia que custou mais de R$ 6 mil à família, mas se recupera bem. A mãe da criança Kawany da Silva, de 21 anos, deixou Théo Lemos na casa da babá, em São Vicente, no litoral de São Paulo, para ir ao curso de enfermagem, mas poucos minutos depois foi abordada pela mulher, que contou o ocorrido.

A babá contou à mãe de Théo que o cachorro, uma mistura de labrador com pastor alemão, pulou sobre a criança assim que um portão que dá acesso ao interior do imóvel foi aberto. Kawany acredita que o animal tenha atacado por ciúme, pois ele não pode entrar na casa.

A mordida rasgou parte da orelha do bebê e o deixou com a bochecha dilacerada. Tudo aconteceu em apenas cinco minutos após a chegada do menino.

A mãe contou ter sido abordada ainda na rua babá, que correu para informar o ocorrido e acompanhou o atendimento médico prestado à vítima. “Alguns dizem que ela [a babá] tem que arcar com tudo, que é culpada, mas foi uma fatalidade. Ela não teria condições financeiras, assim como eu não tenho, para arcar com os custos hospitalares”, ressaltou Kawany.

Atendimento médico
Kawany contou ter levado o filho ao recém-inaugurado Hospital do Vicentino. Na unidade, porém, foi informada de que o médico faria “apenas” uma sutura. Insatisfeita, questionou o procedimento escolhido por acreditar ser necessária uma cirurgia.

“Nos mandaram ir para outro hospital, pois lá não havia profissional. E dois cirurgiões bucomaxilos disseram que não poderíamos utilizar o Samu [Serviço de Atendimento Móvel de Urgência] para a transferência, que eu teria que ir por meios próprios. Após todo o descaso fomos para a Santa Casa de Santos”.

Por meio de nota, a Prefeitura de São Vicente disse que o menino, acompanhado da mãe, deu entrada no hospital na quarta-feira, apresentando ferimentos no rosto. A criança foi acolhida e atendida pela pediatra de plantão que, devido à complexidade do caso, solicitou avaliação do bucomaxilo.

Após exame do especialista, a mãe recusou prosseguir com o atendimento, assinou o relatório médico oficializando sua decisão, e informou que iria para Santa Casa de Santos. Por isso, não foi solicitada vaga para a criança na Central de Regulação de Ofertas e Serviços de Saúde (Cross). A Sesau disse também que está instaurando sindicância para apurar os fatos.

Cirurgia
Na Santa Casa de Santos, segundo a mãe do Théo, foi realizada uma cirurgia na orelha e na bochecha. No momento, o estado de saúde do bebê é estável, mas não há previsão de alta médica. “Ele está internado no leito de enfermeira em observação e recebendo dois tipos de antibióticos, remédios para as dores e outras assistências. A alta pode levar de sete a 14 dias”.

Custos hospitalares
Kawany informou à reportagem que a cirurgia custou mais de R$ 6 mil e que conseguiu pagar o procedimento com a ajuda de amigos. Porém, segundo ela, ainda há outros custos que vão desde a internação até a cirurgia reparadora e o tratamento com fonoaudiólogo.

A mãe da criança contou que tenta inserir o nome do Théo na Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde (Cross) para conseguir que o tratamento seja feito pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

“Temos que pagar a diária de R$ 900 e todos os materiais usados. Estamos lutando para colocá-lo no programa Cross, mas eles [a Santa Casa] têm alegado que não há possibilidade, pois o hospital de São Vicente deveria ter incluído o Théo, mas nem isso eles fizeram”.

Em nota, a Santa Casa de Santos informou que o Théo e recebe todo o suporte clínico, faz uso de antibioticoterapia e tem exames laboratoriais agendados.

O hospital destacou que o paciente deu entrada no hospital de forma particular e, uma vez que a entrada é feita nesta condição, a instituição fica impossibilitada de realizar a transferência para o SUS. “Esta ação o colocaria na frente de outros pacientes que estão nas UPAs [Unidades de Pronto Atendimento] aguardando transferência para o hospital”, explicou.

Para conseguir pagar os valores da internação e do tratamento, Kawany está vendendo rifa e começou uma campanha nas redes sociais para mobilizar mais pessoas. “Estamos com uma vaquinha para conseguir terminar o tratamento. Estamos arcando com os custos por meio de doações e rifas”.

Ela também contou que fotógrafos, clínica estética e outros empresários doaram seus serviços para a rifa. “As pessoas estão colaborando, graças a Deus. Vejo Deus usando as pessoas para nos ajudar”.