Em meio à tentativa de militares manterem a influência sobre Itaipu –conforme mostrado ontem pela CNN– a disputa pelos principais cargos na empresa se acirra entre petistas.
Os dois principais cotados para assumir o comando de Itaipu Binacional são o ex-diretor-geral Jorge Samek, nome preferido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e o deputado federal Enio Verri, o favorito do PT, segundo interlocutores.
Samek é filiado ao PT desde os aos 90 e foi candidato a vice-governador do Paraná no ano passado, na chapa com Roberto Requião.
A disputa se afunilou entre Samek e Enio após uma intensa disputa nos bastidores que envolveu ainda outros cotados como o também deputado federal Zeca Dirceu e Requião, ambos do PT.
Requião, segundo petistas ouvidos pela CNN, defendia assumir a companhia no modelo “porteira fechada”, quando todos os cargos abaixo deveriam passar por ele.
Zeca acabou indo para a liderança do PT na Câmara e se aliou à presidente do partido, Gleisi Hoffmann, na defesa do nome de Enio, que tem feito campanha aberta pelo nome dele.
O entorno da petista afirma que Enio tem boa formação –ele é economista pela USP–, mas não tem intimidade com a área.
Além de Lula, o ex-chanceler Celso Amorim e o chanceler Mauro Vieira, segundo petistas, preferem Samek. A primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja, também tem simpatia por Samek, pois trabalhou com ele em Itaipu.
A leitura é que, em razão dos 50 anos do tratado de Itaipu e da revisão obrigatória dos seus termos, é preciso um nome mais experiente, que conhece bem a usina e o setor elétrico e tem boas relações com o Paraguai.
Tanto para poder baixar o valor da tarifa –algo que pode ter impacto positivo na popularidade de Lula– quanto para conduzir uma negociação sem sobressaltos com os paraguaios em um momento em que a política externa brasileira busca reconstruir o Mercosul.
O nome só deve ser definido após a eleição para as Mesas Diretoras da Câmara e do Senado, em 2 de fevereiro, pois é preciso verificar como será o jogo de forças no Congresso.
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), tenta a reeleição e é padrinho do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.
Se confirmar o favoritismo, o PSD, partido de ambos, será contemplado com uma ou duas das cinco diretorias de Itaipu, segundo fontes a par das negociações. O PT deve ficar com outra. O MDB tem interesse em ter outra, mas petistas dizem que o partido só tem um deputado no Paraná e é ligado ao bolsonarismo. Além disso, a bancada do PSD é maior do que a do MDB na Câmara.
Nomes para postos da empresa já circulam em listas de apostas. Silvana Vitorassi é próxima a Janja.
Carlos Carboni também é citado e é o preferido de Gleisi. David Krug é o nome de Samek. Luiz Fernando Delazari é o nome de Requião, ainda segundo fontes ouvidas pela CNN.