Integrantes da Procuradoria-Geral da República (PGR) avaliam reservadamente que as denúncias feitas nas últimas horas pelo senador Marcos do Val (Podemos-ES) ainda são incipientes e que são necessárias provas concretas para comprovar o que o parlamentar vem alegando. Pesa ainda contra o senador, na avaliação dessas fontes, a constante mudança de versões apresentadas por ele em entrevistas e em depoimento à Polícia Federal.
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, determinou nesta sexta-feira (3) a abertura de uma investigação contra o senador para apurar os crimes de falso testemunho, denunciação caluniosa e coação no curso do processo. Moraes justifica sua decisão afirmando que o parlamentar apresentou à Polícia Federal uma quarta versão dos fatos por ele divulgados, todas antagônicas entre si, segundo o ministro. A ordem foi dada de ofício, sem provocação da PGR.
A avaliação de integrantes ouvidos reservadamente pela CNN é a de que a PGR não pode trabalhar com conjecturas e que o senador deve apresentar provas concretas do que vem alegando desde quinta-feira. Tanto a PGR quanto o ministro concordam que as versões apresentadas pelo senador são contraditórias e divergem a cada declaração dada por ele. Justamente por isso, integrantes da PGR afirmam que não é possível saber quais provas o senador de fato possui.
A percepção dessas fontes é a de que o caso envolvendo o senador está, neste momento, no campo político, já que ele pede o afastamento de Moraes da relatoria do inquérito dos atos antidemocráticos e tenta instaurar no Senado uma comissão parlamentar de inquérito contra o governo Luiz Inácio Lula da Silva a respeito dos atos criminosos do 8 de janeiro.