Reprodução/CNN Brasil
O senador Marcos do Val (Podemos-ES) declarou, nesta quarta-feira (8), que um dia as pessoas vão entender as contradições de suas informações sobre um plano golpista supostamente tramado por aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
“Foi estratégico. O resultado está dando certo. Tenho certeza [que o resultado está sendo positivo]. Com o tempo vocês vão saber qual é, vocês podem ter certeza. O objetivo foi atingido. Claro que eu fiz essa manipulação com notícias encontradas e um dia vocês podem entender isso. Com o tempo vocês vão entender o que acontecer e vão ficar muito felizes”, declarou Do Val em uma conversa com a imprensa.
Anteriormente, o parlamentar afirmou que suas versões contraditórias tinham “um objetivo que foi alcançado”.
A CNN teve acesso a uma mensagem enviada por Marcos do Val em que o senador alega que apresentará um laudo médico “para ninguém achar que eu estou doido”.
Na mensagem, o parlamentar se recusa a falar qual seria esse “objetivo” que teria sido alcançado e se limita a dizer que faz parte de “uma técnica que a gente usa na área de inteligência”.
“Então, também vou apresentar o laudo médico para ninguém achar que eu estou doido. Que todo aquele movimento meu de informações desencontradas foram propositais (sic) porque eu tinha um objetivo que foi alcançado. Mas isso, num certo momento, eu conto o porquê eu usei uma técnica que a gente usa na área de inteligência”, afirmou o senador.
Do Val encaminhou também um laudo médico atestando estar apto para o exercício do cargo.
“Atesto para os devidos fins que o senador Marcos Ribeiro do Val foi avaliado por mim em 07/02/2023 e que encontra-se apto, do ponto de vista de sua saúde, para o exercício do cargo”, afirmou o médico psiquiatra Bruno Andrade Jess, que assina o documento.
A CNN apurou que Marcos do Val também tem enviado mensagens a senadores com esse argumento de que as suas diferentes versões sobre a reunião com Bolsonaro e Silveira fazem parte de um objetivo planejado.
Segundo fontes ouvidas pela CNN, há uma pressão no Senado para que ele se afaste ao menos por 60 dias do cargo de senador.
Pessoas próximas ao senador afirmam que ele estava sob efeito de medicação quando enviou as mensagens sobre as investigações de Alexandre de Moraes.
Do Val entrou no centro da polêmica após afirmar que teria participado de uma reunião com o ex-deputado Daniel Silveira (PTB-RJ) e com o ex-presidente Jair Bolsonaro no ano passado.
Nesse encontro, Silveira teria apresentado uma proposta a Do Val: a de gravar uma conversa com o ministro Alexandre de Moraes para tentar conseguir alguma declaração comprometedora que pudesse impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Após tornar essa história pública, na quinta-feira (2) da semana passada, Do Val apresentou diversas versões da história. A primeira, publicada pela revista Veja, indicava que Bolsonaro também teria feito a proposta de gravar Moraes.
Depois, em diversas entrevistas coletivas, do Val recuou. Disse que o ex-presidente apenas ouviu a sugestão de Silveira e não se manifestou sobre o caso.
Além disso, o senador também se confundiu sobre onde a reunião teria acontecido. Ofereceu diversas versões, desde que teria ocorrido no Palácio da Alvorada, na Granja do Torto e no Palácio do Jaburu.
A CNN entrou em contato com o gabinete do senador Marcos do Val, mas não teve resposta até a publicação desta reportagem. A CNN também entrou em contato com a assessoria do Supremo Tribunal Federal sobre as declarações do senador, mas ainda não teve resposta.