“Eu fiquei em desespero”: essa foi a reação da maquiadora Crislaine Paula, de 29 anos, ao receber dezenas de notificações no Instagram e descobrir que tinham criado um perfil falso seu, anunciando conteúdo pornográfico.
Ela é uma das várias mulheres que foram vítimas de um novo golpe na rede social.
Entenda em 4 pontos como funciona e veja, mais abaixo, como se proteger e o que fazer se for vítima do golpe:
As vítimas normalmente descobrem que sua conta foi copiada quando alguns dos seguidores que receberam a mensagem do perfil falso vão confirmar se é verdade, como ocorreu com a Crislaine.
“A primeira coisa que veio na minha cabeça foi o meu trabalho. Como que eles vão encarar tudo isso? Como que eu vou explicar que aquilo é um fake?”, conta a jornalista Letícia Negresiolo Martins, de 27 anos. Ela tem contato pelo Instagram com clientes da agência em que trabalha.
Letícia teve que criar um comunicado explicando que o perfil é falso, mas ainda sofre com piadas no trabalho: “As pessoas continuam perguntando: ‘E aí, já está ganhando muito dinheiro?'”, afirma.
A maquiadora Crislaine também usa a rede social para divulgar seu trabalho. Ela pensou em desativar sua conta e relata que o golpe afetou sua autoestima e abalou sua dignidade.
Crislaine, Letícia e Amanda, como muitas outras vítimas, foram bloqueadas pelos perfis falsos, uma tática para evitar que a conta possa ser denunciada no Instagram.
“Eu não tinha nenhuma informação que eu conseguisse ver. Era só o que as pessoas me mandavam. Quando eu vi aquilo, fiquei bem nervosa e liguei para a Polícia Civil, o 197. Eles me orientaram para pedir às pessoas para denunciarem o perfil”, explica a maquiadora.
Esse é o primeiro passo para muitas vítimas: fazer uma corrente no Instagram para denunciar o perfil falso e tentar fazer com que a rede social derrube a página. Contudo, muitas vítimas têm reclamado da demora do Instagram para atender às solicitações, caso de Letícia.
“Nesse momento, eu tenho essa sensação de que é batalha perdida, eu já não sei mais o que fazer. Eu já tentei de tudo”, relata.
No Rio de Janeiro, a estudante Ana Beatriz Pereira encontrou diversas vítimas na delegacia quando foi denunciar.
Em Goiás, a policial Christyanne Carrijo denunciou ter sofrido o golpe.
O Instagram informou ao g1 que esse tipo de atividade é proibido na plataforma e que incentiva a denúncia das contas.
Amanda tentou também contato com a Wix, para derrubar o site de venda de imagens, mas a página ainda está no ar. Ao g1, o Wix declarou que se opõe “a todos os tipos de conteúdo abusivo e fraudulento” e que está “comprometidos em resolver todas as reclamações que chegam aos canais de suporte”.
A reportagem não conseguiu contato com a Fansly.
Esse golpe se trata de uma ação em larga escala realizada por quadrilhas, explica a advogada Patrícia Peck, especializada em crimes cibernéticos.
Ela diz que os atacantes focam, principalmente, em mulheres que têm bons números de engajamento nas redes sociais, já que há mais chances de trazer pessoas para o golpe do cartão.
Patrícia diz que é muito difícil evitar que um perfil no Instagram seja clonado, mas que dá para achar mais rapidamente se sua imagem está sendo usada indevidamente: