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Suspeito de matar família no Recreio é réu pela morte da noiva em 2009

Juiz Guilherme Schilling Pollo Duarte determinou que o caso de Alexander da Silva, de 49 anos, vá a julgamento nos próximos dias; ele é acusado de assassinar a facadas Tatiana Rosa de França, de 27 anos, no Recreio dos Bandeirantes.

Preso por suspeita de matar a mulher e os dois filhos no Recreio, na Zona Oeste do Rio, o motorista de aplicativo Alexander da Silva, de 49 anos, é réu pela morte da noiva em 2009. Ele responde por homicídio qualificado contra Tatiana Rosa de França, morta a facadas.

Reprodução/TV Globo

Alexander da Silva, preso por suspeita de matar a família

Em novembro do ano passado, o juiz Guilherme Schilling Pollo Duarte, da 1ª Vara Criminal da Capital, marcou para até 90 dias o julgamento de Alexander.

“O júri esteve marcado algumas vezes e foi adiado com pedido de vistas e também por conta da pandemia da Covid-19. O julgamento será marcado, assim que forem intimadas as testemunhas e foi dá um prazo para que as intimações sejam cumpridas para, então, definir nova data”, diz a nota do Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ).

Assassinato em 2009

De acordo com a denúncia do Ministério Público do Estado (MPRJ), no dia do crime — em 25 de julho de 2009 —, ele teria golpeado Tatiana, com então 27 anos, com um objeto cortante no pescoço, por não aceitar o término do relacionamento amoroso.

De acordo com testemunhas do caso, ele disse que passearia com ela na Praia da Barra. A jovem desapareceu. Amigos e familiares atuaram nas buscas e o suspeito ainda ajudou a procurar por Tatiana, conforme conta um amigo.

Uma testemunha do caso, que não quis se identificar, esteve com Alexander na noite em que Tatiana desapareceu.

“Ele me procurou nervoso na noite do crime depois da Tatiana desaparecer, falando que ela tinha sumido. Ele nunca usava nada com manga, nesse dia ele estava com um casaco, talvez para esconder uma luta corporal. Estava com uma gaze na mão e disse que tinha machucado em uma porta”, relembra a testemunha.

A vítima foi encontrada morta em uma área de mata em Vargem Grande. O laudo indicou que ela foi esfaqueada diversas vezes na região do pescoço.

Segundo o inquérito da 16ª DP (Barra da Tijuca), uma prima de Tatiana procurou a 32ª DP (Taquara) para registrar o desaparecimento. Na delegacia, ela contou que Tatiana saiu de casa no dia anterior para encontrar Alexander e avisou à mãe que logo voltaria. Eles moravam a poucos minutos de distância um do outro.

Ao prestar depoimento na delegacia, Alexander disse que iniciou o namoro com Tatiana, em 2008, e que até então os dois mantinham uma “relação normal”, mas, como todos os casais, discutiam por assuntos triviais, como divergências de opiniões. Nos últimos meses, ele narrou que a companheira estava depressiva, devido à morte do pai, e estaria recusando seus convites para sair para restaurantes e cinemas.

Tatiana Rosa de França tinha 27 anos quando foi morta — Foto: Reprodução

Ainda em depoimento, o homem informou que, após contato de familiares de Tatiana, passou a ajudá-los a localizar a noiva em hospitais.

Um vizinho disse à polícia que encontrou Alexander no dia 25 de julho e que seu dedo estava machucado. Outro vizinho falou que o suspeito nunca aparentou ser uma pessoa violenta.

Segundo o laudo do exame de necropsia realizado no corpo de Tatiana, ela levou golpes no pescoço, na altura da tireoide. Fotos do exame feito no local onde o corpo foi encontrado, no entroncamento da Avenida Salvador Allende e Rua da Light, mostram que ela foi morta anteriormente e depois jogada ali.

Três anos depois, em 12 de julho de 2012, o delegado Antônio Ricardo Lima Nunes, então titular da 32ª DP, indiciou Alexander pelo homicídio qualificado contra a noiva. No relatório final do inquérito, o delegado destacou que todas as versões apresentadas por ele não foram confirmadas.

Naquele ano, Antônio Ricardo chegou a pedir a prisão preventiva de Alexander, devido ao risco de que ele pudesse ameaçar testemunhas, em especial a mãe da vítima. A promotora do caso, Christiane Barbosa Monnerat de Azevedo, também concordou com a representação.

No entanto, a juíza Ludmilla Vanessa Lins da Silva, auxiliar do 1º Tribunal do Júri da Capital, negou o requerimento, por causa do “lapso temporal”.

A testemunha do caso ressalta a demora em uma solução.

“Uma pessoa invisível que morreu e não teve a morte julgada. Quinze anos pra ter uma resposta? O advogado de defesa dele abandonou o caso”, questiona.

Um amigo de infância relembra que esse não é o único caso em andamento na Justiça envolvendo Alexander.

“A mãe da Duda (menina de 11 anos que foi morta nesta quinta) morreu de câncer pouco depois dela nascer. Até hoje ele disputava na Justiça a guarda da menina com o avô. Ele não queria que a menina tivesse contato com o avô, nunca quis. O homem acusava o Alex de alguma coisa”, conta o amigo.

Morte no Recreio

Família assassinada no Rio: Andréa Cabral Pinheiro, de 37 anos; Maria Eduarda Fernandes Affonso da Silva, de 12; e Matheus Alexander Cabral Pinheiro da Silva, de 11 meses — Foto: Montagem/g1

Os corpos de Andréa Cabral Pinheiro, de 37 anos; Maria Eduarda Fernandes Affonso da Silva, de 12 anos, e do bebê Matheus Alexander Cabral Pinheiro da Silva, de 11 meses; estavam na residência, que fica no Recreio. Alexander da Silva, de 49 anos, foi ao local do crime nesta manhã e acabou detido por moradores, que acionaram a polícia. Ele teria sido agredido e amarrado até a chegada dos policiais do 31º BPM (Recreio dos Bandeirantes).

O crime aconteceu no condomínio Nova Barra. Bombeiros do quartel do Recreio foram acionados para a ocorrência e confirmaram as mortes. Os corpos foram levados para o Instituto Médico Legal da Leopoldina, no Centro.

Segundo a Polícia Militar, o irmão de Andreia disse que tentou contato com ela, mas não conseguiu. Ele foi até a 42ª DP (Recreio), mas não chegou a fazer o registro de desaparecimento e foi com os policiais até a casa da irmã.

Um chaveiro foi acionado, e quando os policiais entraram no apartamento encontraram as três vítimas já mortas. Havia marcas de sangue e cápsulas de arma de fogo no local.