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Resgates trabalham em busca de desaparecidos no litoral de SP; 36 mortes foram confirmadas

Caio Gomes/Reuters

Caio Gomes/Reuters

As fortes chuvas que atingiram o litoral norte de São Paulo no fim de semana provocaram alagamentos, estragos e deixaram aos menos 36 vítimas até o momento. Segundo o governo de São Paulo, 228 pessoas estão desalojadas e 338 permanecem desabrigadas.

De acordo com a capitã do Corpo de Bombeiros Michelle César, 40 pessoas ainda não foram localizadas. “São moradores da região que estão sentindo falta de outras pessoas neste momento”, explicou.

Cerca de 150 bombeiros realizam os trabalhos de busca e salvamento na região nesta segunda-feira (20). Em São Sebastião, foram registrados 600 mm de chuva em 24 horas.

Entre as mortes confirmadas, 35 são de pessoas de São Sebastião (31 na Barra do Sahy, duas em Juquehy, uma em Camburi e uma em Boiçucangua) e uma de Ubatuba.

No domingo (19), o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) decretou estado de calamidade pública para as cidades de Ubatuba, São Sebastião, Ilhabela, Caraguatatuba e Bertioga.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e ministros devem visitar a região afetada nesta segunda.

A rodovia Mogi-Bertioga (SP-098) segue interditada no km 82, na cidade de Biritiba Mirim, devido a uma erosão causada pelos temporais que atingiram a região.

Segundo o Departamento de Estradas e Rodagens de São Paulo (DER), uma equipe foi ao local para avaliar a situação. Não há previsão para a liberação da pista.

Os motoristas estão sendo orientados a usar rotas alternativas como, por exemplo, a rodovia Rio-Santos, que liga o litoral paulista ao Rio de Janeiro.

Entretanto, a Rio-Santos tem dois pontos de interdição total nos quilômetros 136 e 174, na Praia do Guaecá e na Praia Preta, ambas em São Sebastião.

O porta-voz da Defesa Civil de São Paulo, tenente Roberto Farina Filho, disse nesta segunda-feira (20) que, em média, choveu no litoral norte paulista duas vezes mais do que o previsto em alertas emitidos anteriormente pelo órgão.

À CNN, o tenente afirmou que o trabalho “é múltiplo e a gestão é complexa, envolvendo 8 secretarias que estão apoiando de diversas formas as prefeituras.”

“Agora procuramos manter a integridade física das pessoas, prestando atendimento de saúde aos feridos, e acomodando os desalojados, com água, produtos de higiene e lugar de abrigo”, afirmou.

De acordo com a Defesa Civil, os alertas começaram a ser emitidos na última quinta-feira.

No entanto, Farina Filho explicou que “acumulados da chuva chegaram a 250 milímetros, num fenômeno extraordinário, sem precedente histórico recente e duas vezes maior do que as previsões.”

“Mesmo com alertas que enviamos nas redes sociais, TV, nosso aplicativo e por SMS, o acumulado foi acima do normal”, disse.

O diretor do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), Osvaldo de Moraes, afirmou, em entrevista à CNN nesta segunda-feira (20), que a Defesa Civil e o governo de São Paulo foram avisados na sexta-feira (17) sobre o grande volume de chuva esperado para o litoral norte paulista.

“Assim que um sistema de baixa pressão sobre o litoral norte de São Paulo foi detectado, o Cemaden conversou com a Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil (Sedec), nós convidamos a Casa Militar do governo de São Paulo, traçamos o cenário e fizemos uma reunião”, disse Moraes.

Segundo o diretor do Cemaden, a tragédia na região é resultado de uma “frente fria extremamente intensa e anômala” que avança pelo país vinda da região Sul. Até o momento, 35 pessoas morreram em São Sebastião e uma em Ubatuba.

“Não me recordo de ver 600 mm de chuva em 24 horas”, disse Moraes. Ele explica que o número de vítimas poderia ter sido ainda maior se as precipitações tivessem se concentrado nas encostas.

Na avaliação do especialista, é preciso tomar uma série de medidas para evitar tragédias como a do último final de semana, como, por exemplo, a “instalação de sirenes e a contenção de áreas propícias a efeitos geodinâmicos”.

O Comandante do Exército, general Tomás Miguel Miné Ribeiro Paiva, autorizou nesta segunda-feira (20) o uso de tropas e aeronaves para ajudar nas buscas e salvamentos no litoral norte de São Paulo.

No domingo (19), o Ministério do Desenvolvimento Regional e o governo de São Paulo solicitaram ajuda do Exército após a tragédia na região.

Duas aeronaves (uma HM-1 Pantera e uma HM-4 Jaguar) do Exército serão utilizadas nos trabalhos no litoral paulista. As tropas também devem desobstruir a rodovia Governador Mário Covas (BR-101).