Política

Juíza atendeu a pedido da PF ao retirar sigilo da operação sobre planejamento de ataques a Moro

A juíza Gabriela Hardt, da 9ª Vara Federal de Curitiba, atendeu a um pedido da Polícia Federal (PF) ao retirar, nesta quinta-feira (23), o sigilo da decisão que autorizou a prisão de suspeitos de planejar ataques contra o senador Sergio Moro (União-PR) e outras autoridades.

Após a retirada do sigilo, detalhes dos preparativos para os possíveis ataques vieram a público, como os códigos usados pelos criminosos e o financiamento da empreitada.

Ao pedir a liberação dos documentos, a PF argumentou que “tendo em vista a conclusão de todas as diligências ostensivas e discretas da presente investigação, bem como a necessidade de se proporcionar aos investigados exercício da ampla defesa e do contraditório, esta Autoridade Policial requer o levantamento do sigilo dos autos”.

Em nota, a Justiça Federal no Paraná confirmou a solicitação. “A retirada do sigilo do processo foi um pedido do delegado que conduz as investigações, protocolado nos autos às 14 horas de ontem (23 de março)”, diz o texto.

“Contudo, por cautela, a juíza federal designada para atuar no caso, entendeu melhor manter o nível de sigilo 1, por segurança dos investigados e vítimas, autorizando a divulgação apenas das representações policiais e das decisões que autorizaram as prisões e as buscas, bem como o termo de audiência de custódia”, continua.

Planejamento de ataques

 

A operação que apura o planejamento de ataques contra o ex-juiz, ex ministro e atual senador Sérgio Moro, além de outras autoridades, foi deflagrada na quarta-feira (22). Nove pessoas foram presas suspeitas de integrarem o grupo.

Segundo as investigações, os detidos integram uma facção criminosa que atua, inclusive, dentro de presídios e fora do país.

Outro alvo dos planos era o promotor do Ministério Público de São Paulo Lincoln Gakiya, que desde o começo dos anos 2000 investiga a facção. Gakiya vive há mais de dez anos sob escolta policial, 24 horas por dia, por causa das ameaças de morte recorrentes que recebe.

Repercussão

Na quarta, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva comentou a operação. Ele disse que não ia atacar ninguém “sem ter prova”, mas afirmou ver “armação”.

“Eu não vou falar porque eu acho que é mais uma armação do Moro. Mas eu quero ser cauteloso, eu vou descobrir o que aconteceu. É visível que é uma armação do Moro. Mas eu vou pesquisar, eu vou saber o porquê da sentença”, declarou.

“Mas isso, a gente vai esperar. Eu não vou ficar atacando ninguém sem ter prova. Eu acho que é mais uma armação, e se for mais uma armação ele vai ficar mais desmascarado ainda”, seguiu Lula.

“Eu não sei o que ele vai fazer da vida se continuar mentindo do jeito que está mentindo. É isso. Mas também, o Moro não é minha preocupação, a minha preocupação é 215 milhões de brasileiros que estão esperando que a gente possa melhorar a vida deles”, continuou.

O senador reagiu aos comentários com indignação. “Eu vejo hoje um presidente dando risada de uma família ameaçada pelo crime organizado, sugerindo que o próprio ministro da Justiça do seu governo que informou que o plano para o meu sequestro seria uma armação. Então quero perguntar: O senhor não tem decência? O senhor não tem vergonha desse seu comportamento? O senhor não respeita o sofrimento de uma família inocente? O senhor não respeita a liturgia do cargo?”, disse.