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Veja o que se sabe sobre as brasileiras presas na Alemanha após terem malas trocadas por bagagens com drogas

Polícia Federal descobriu que funcionários do aeroporto de Guarulhos trocavam etiquetas de malas para enviar droga para o exterior. Jeanne e Kátyna iam passear, mas estão detidas há mais de um mês.

O sonho de viajar 20 dias pela Europa acabou em prisão por tráfico internacional de drogas em 5 de março desse ano, horas antes de desembarcar em Berlim, na capital da Alemanha, o primeiro país que as goianas Jeanne Paolline e Kátyna Baía queriam conhecer.

Reprodução / Redes Sociais

Médica veterinária Jeanne Paollini e a personal trainer Kátyna Baía estão juntas como casal há mais de 17 anos

A prisão do casal em Frankfurt, a última conexão que faria antes de Berlim, motivou uma operação da Polícia Federal de Goiás para descobrir o que aconteceu com as malas que foram despachadas em Goiânia e nunca chegaram ao país europeu.

Em Frankfurt, a polícia apreendeu no bagageiro do avião duas malas com 20kg de cocaína cada, etiquetadas com os nomes de Jeanne e Kátyna. A prisão aconteceu na fila de embarque da escala, sem que elas pudessem ter visto as malas.

O que se sabe até agora sobre a troca de malas, a prisão e o onde elas estão detidas em Frankurt?

Jeanne e Kátyna foram presas no aeroporto de Frankfurt, em 5 de março desse ano. Após a prisão, a polícia alemã mostrou as malas lotadas de cocaína e interrogou as duas. Elas negaram serem donas das bagagens.

O casal estava na fila de embarque esperando a troca de aeronave quando foram abordadas pela polícia, segundo a advogada delas. De Frankfurt para a Berlim são aproximadamente 550 km. Horas depois da conexão, elas chegariam ao destino final.

Após a detenção no aeroporto de Frankfurt e com os indícios de tráfico internacional apurados pela polícia alemã, elas foram levadas para um presídio feminino da cidade.

Troca de malas

Malas de brasileiras presas na Alemanha foram trocadas em São Paulo, segundo a PF de Goiás — Foto: Reprodução/Encontro

A Polícia Federal em Goiás começou a investigar o caso após a prisão das goianas. As imagens das câmeras de seguranças do Aeroporto Santa Genoveva, em Goiânia, mostram o desembarque de duas malas, uma branca e uma preta.

Essas malas foram despachadas no aeroporto goiano, mas no meio do caminho, no Aeroporto Internacional de Guarlhos, em São Paulo, o maior do Brasil, elas foram trocadas por funcionários terceirizados que cuidavam das bagagens.

As malas que chegaram a Frankfurt com os nomes das goianas são marrom claro e escuro.

Segundo a Polícia Federal, nas escalas internacionais, o passageiro despacha a mala no aeroporto de origem e só pega de volta no destino final, ou seja, Jeanne e Kátyna nem viram a troca das bagagens e das etiquetas.

Em 4 de abril desse ano, a investigação identificou seis funcionários que trocavam as etiquetas das malas, de forma aleatória, para enviar cocaína para o exterior. Eles foram presos em São Paulo.

Audiência

Jeanne Paollini e Kátyna Baía em viagem em Paris, na França — Foto: Reprodução/Redes sociais

As brasileiras passaram por uma audiência de custódia com o Judiciário de Frankfurt em 5 de abril, um mês depois da prisão. O juiz disse que há indícios de que Jeanne e Kátyna sejam inocentes, mas que recebeu parte do inquérito aberto pela Polícia Federal, que trata somente das goianas.

Assim, o magistrado solicitou que fosse enviado todo o inquérito, os vídeos obtidos pela Polícia Federal e informações sobre as prisões dos suspeitos para avaliar melhor o caso e soltá-las.

A documentação foi enviada em 7 de abril para o gabinete do magistrado.

Rotina no presídio

Jeanne Paollini e Kátyna Baía, goianas presas na Alemanha após terem malas trocadas por bagagens com drogas — Foto: Reprodução/Instagram

A rotina das brasileiras Jeanne Paollini e Kátyna Baía tem sido de frio e solidão nas celas “minúsculas” e individuais da penitenciária de Frankfurt, onde estão detidas há mais de um mês, segundo a advogada delas.

“Elas estão angustiadas porque estão presas há mais de 1 mês e perguntam muito pelos familiares. Elas estão morrendo de saudade. A Kátyna, por exemplo, não conseguiu falar com a mãe nesse tempo todo e elas são muito apegadas”, contou a advogada Luna Provázio.

 

Câmera de segurança mostra goianas chegando no Aeroporto de Goiânia com as malas verdadeiras, em Goiás — Foto: Reprodução/TV Anhanguera

O contato das goianas com o Brasil foi feito até agora basicamente com a advogada, e somente por telefone fixo porque o presídio não permite videochamadas.

“Elas estão em celas separadas e me relataram que são minúsculas. Elas disseram que passam frio porque o presídio não fornece roupa de frio adequada e elas tiveram todos os bens pessoais apreendidos”, relatou a advogada.

Compra antecipada da viagem

Jeanne é veterinária e Kátyna é personal trainer, em Goiânia. Elas estão juntas há mais de 17 anos e já viajaram para o exterior antes.

A advogada delas explicou que o pacote de viagem foi comprado com antecedência, junto com seguro viagem, o que seria prova de que elas não levariam drogas para a Alemanha.

O delegado da Polícia Federal Rodrigo Teixeira disse que esses indícios reforçam a tese de que as malas com cocaína não eram delas.

“Não há o perfil de mulas para essas passageiras, através da compra da passagem com bastante antecedência, seguro viagem. Houve todo uma programação para essa viagem ao exterior. Não é o perfil de quem trafica dessa maneira”, destacou o delegado.

Rede de apoio

Goianas presas na Alemanha após terem malas trocadas por bagagem com drogas são a médica veterinária Jeanne Paollini e a personal trainer Kátyna Baía — Foto: Reprodução/Redes sociais

Uma irmã da brasileira Kátyna Baía contou que uma rede de apoio a brasileiros residentes e não residentes na Alemanha tenta levar agasalhos e alimentos para elas no presídio de Frankfurt.

“Se for possível, vão levar comida e agasalho e quando elas saírem de dar uma hospedagem também até conseguirem voo de volta”, explicou Déborah Teodoro.