Caso aconteceu na tarde do dia 23. Agressor que se apresentou como policial, mandou que ele ficasse virado para a parede e disparou contra a vítima. O tiro acertou a parede. 'Comecei a chorar, e ele disse: 'Não chora, senão eu te mato'.
Em um momento de lazer na tarde do último domingo (23), o serralheiro Wellington Luiz da Silva, de 34 anos, empinava pipa com o sobrinho na rua em que vivem alguns de seus familiares, em Caieiras, na Grande São Paulo, quando, por volta de 14h30, um carro prata parou próximo à esquina em que eles estavam.
O motorista, um homem branco e desconhecido de Wellington, desceu do veículo armado, disse ser policial e mandou que ele encostasse na parede.
Neste momento, segundo a vítima, o homem deu um tiro em direção à perna do serralheiro, mas acabou acertando a parede.
Ao g1, Wellington conta que o homem também chegou a bater em suas costas com a arma. A ação, segundo ele, durou cerca de 20 minutos.
“Ele tirou meu boné e disse para eu virar para a parede […] falava: ‘Não olha para mim, olha para a parede’ […] Aí eu comecei a chorar, e ele disse: ‘Não chora, senão eu te mato”, relatou.
O momento da abordagem foi acompanhado por familiares de Wellington, que também estavam na rua. De acordo com a vítima, eles não intervieram porque o homem estava com a arma na mão, mas começaram a gravar quando perceberam que o serralheiro estava sendo maltratado.
Segundo ele, o homem ainda ameaçou um amigo que estava ao lado para que não fizesse nada, ou ele iria matar os dois.
Um boletim de ocorrência foi feito. Procurada, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) informou que o caso foi registrado como “disparo de arma de fogo”, “ameaça” e “lesão corporal” no 1º Distrito Policial de Caieiras, onde foi instaurado inquérito policial para o esclarecimento dos fatos.
Xenofobia e racismo
O rapaz negro agredido e ameaçado em rua na Grande São Paulo diz que o agressor pensou que ele fosse haitiano.
“Ele perguntava se eu era do Haiti e dizia: ‘Estamos em guerra. Eu vou te matar’.”
A vítima ainda afirma acreditar ter sido vítima de racismo. “Para mim, ele é racista e não gosta da minha cor”, disse.
Wellington vive na região de Caieiras com a família.
O serralheiro relata que, apesar de não ter nenhum problema com a Justiça, já sofreu outras abordagens policiais, mas nunca vivenciou uma situação como essa. Ele ressalta que teve medo de morrer, pois o homem se mostrava muito alterado e agressivo.
“Para mim, eu estava morto. Na hora que ele foi embora eu nem vi, e aí um menino que me disse, pode ir, ele já foi embora”, desabafou Welligton.
Desde o ocorrido, o serralheiro afirma estar com medo de sair de casa com receio de que o agressor volte. Em razão disso, registrou um boletim de ocorrência e espera que o homem possa ser localizado.
Quem é o agressor?
Conforme apurado pelo g1, a polícia recebeu informações sobre o número da placa do veículo para a identificação do agressor. Com esta informação, foi possível apresentar uma fotografia à vítima, que o reconheceu como o autor dos disparados.
A advogada responsável por prestar apoio jurídico a Wellington e seus familiares disse ao g1 que o homem atua no sistema prisional, como agente penitenciário.
Em nota, a SSP informou que a polícia atua para a localização do autor. O g1 não localizou a defesa do acusado até a última atualização desta reportagem.