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Morto em linchamento foi ex-PM acusado de integrar grupo de extermínio

Polícia investiga motivação do crime após descartar que Osil tenha sido vítima de fake news.

Osil Vicente Guedes morreu após ser espancado por quatro homens em Guarujá, no litoral de São Paulo — Foto: Reprodução

O homem de 49 anos que morreu espancado na cidade de Guarujá (SP) foi expulso da Polícia Militar de Pernambuco (PM-PE) em 2010. A expulsão de Osil Vicente Guedes aconteceu dois anos após ser preso por suspeita de integrar um grupo de extermínio, segundo o governo do estado (relembre o caso mais abaixo).

Osil morava em São Paulo e se apresentava como dono de uma empresa chamada Casa de Reciclagem. Ele foi espancado em 3 de maio e morreu no hospital quatro dias depois, deixando um filho de 9 anos.

Nesta sexta-feira (12), a Secretaria de Defesa Social de Pernambuco (SDS) informou, ao g1, que:

Em 2008, Osil Vicente Guedes era soldado na Companhia Independente de Policiamento com Motos (Cipmoto);

  • Ele “deixou de integrar a Polícia Militar em 2010, quando recebeu a pena de licenciamento ex-officio a bem da disciplina”;
  • O ex-policial militar foi preso em setembro de 2008, pela Polícia Civil, na Operação Guararapes por suspeita de participar de grupo de extermínio que cometia homicídios em Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife;
  • Osil recebeu “a penalidade que é aplicada, na PMPE, a praças sem estabilidade assegurada, ou seja, com menos de dez anos na corporação”;
  • A decisão foi tomada após um processo administrativo disciplinar ter concluído “que o militar praticou transgressões que afetaram a honra pessoal, o sentimento do dever”, o pudor militar e o decoro da classe”.

O que diz a polícia

Procurada pelo g1, a Polícia Civil de Pernambuco afirmou que:

  • “O caso já foi concluído e remetido à Justiça”;
  • “Não fala sobre inquéritos já concluídos e remetidos”.

A reportagem também procurou a Polícia Militar para saber quanto tempo ele ficou na corporação, mas não recebeu resposta até a última atualização deste texto.

Relembre a prisão de Osil
De acordo com informações repassadas pela SDS em 2008, quando foi deflagrada a Operação Guararapes:

  • Além de Osil, foram presos outros 42 agentes de segurança, incluindo integrantes das polícias Militar e Civil e do Corpo de Bombeiros;
  • Os presos foram acusados de participar de um grupo de extermínio que assassinou, ao menos, 36 pessoas em Jaboatão e tinha três subdivisões, chamadas de “Confraria do Crime”;
  • Os crimes tinham motivações diversas, como vingança e eliminação de testemunhas. Também havia casos em que os criminosos encomendavam o assassinato de pessoas, que podia custar R$ 600, segundo as investigações coordenadas pelo delegado Joel Venâncio.
  • A Polícia Civil também apontou que Osil e outros três agentes participavam do grupo dando apoio “logístico” aos criminosos, “com livre trânsito nas blitze policiais ao se identificarem”.

Processo judicial
Na quinta-feira (11), o g1 entrou em contato com o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) para saber se o processo pelo qual Osil foi preso havia sido concluído ou ainda estava em andamento e se ele havia sido condenado ou absolvido pelos crimes.

Nesta sexta-feira (12), o TJPE informou que iniciou “o processo de apuração junto à unidade judiciária”. As informações solicitadas ao tribunal não foram enviadas até a última atualização desta reportagem.

Entenda a morte de Osil

  • O espancamento aconteceu entre a Rua Tambaú e a Avenida Oswaldo Cruz, no bairro Vicente de Carvalho, no Guarujá (SP);
  • No momento da agressão, o motorista de um carro fez um vídeo e flagrou o momento em que Osil foi espancado. As imagens mostram o homem de camiseta vermelha sentado no meio da rua e rodeado por três moradores;
  • Osil foi levado para o Hospital Santo Amaro com ferimentos graves na cabeça;
  • Inicialmente, foi divulgado que as agressões foram motivadas por uma falsa acusação de furto de uma moto, mas a hipótese foi descartada pela polícia, que investiga o caso para localizar os agressores e confirmar a motivação do crime.
  • Entre os suspeitos de praticar o linchamento, está um ex-cunhado da ex-mulher da vítima. O irmão de Osil procurou a Polícia Civil e afirmou que, um dia antes de ser espancada, a vítima havia “tomado uma surra” a mando da ex-esposa.