Futebol

Ex-Grêmio cresce no Monaco e revela como foi o interesse do Barcelona: ‘Vieram saber como estava a minha situação’

Association Sportive de Monaco Football Club

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Com apenas 21 anos, Vanderson é considerado um dos laterais mais promissores da Europa. O brasileiro é titular absoluto do Monaco, que enfrentará o Lyon pelo Campeonato Francês nesta sexta-feira (19), às 16h (de Brasília).

Após se destacar no Grêmio, ele teve conversas adiantadas com clubes de Inglaterra, Itália e Espanha, mas foi a oferta do time do Principado que o encantou.

“Foi simples de escolher. É um projeto ambicioso e que ajuda a desenvolver os jovens talentos. A Liga Francesa vem crescendo muito e optamos pelo Monaco para dar esse primeiro passo na Europa”, disse ao ESPN.com.br.

Vanderson chegou ao Monaco no começo de 2022 e sofreu um pouco nos primeiros meses até se adaptar.

“Tive meus perrengues porque a língua foi um pouco complicada, mas hoje me viro bem. O futebol é mais rápido, de mais contato e com mais força. Mas com o tempo me adaptei porque sabia que precisava evoluir. Hoje em dia estou mais tranquilo”, confessou.

Por ser um jogador muito ofensivo, o brasileiro fez algumas partidas fora da posição de origem. Atualmente na quarta colocação do Francês, a equipe do Principado luta para conseguir uma vaga na Europa League.

“Joguei como extremo pela direita e algumas vezes como lateral. Eu fui franco com os treinadores e sabia que precisava melhorar na parte defensiva, adaptar na velocidade do jogo. Melhorei muito taticamente e hoje entendo o jogo melhor. Estou melhor, mas ainda tenho coisas para evoluir cada vez mais”.

Fora de campo, o lateral começou a conviver com celebridades que só tinha contato pela televisão.

“É um lugar tranquilo para morar e me adaptei bem. Um dia estava jantando e o Francesco Totti, ídolo da Roma, estava na mesa da frente. Todo mundo estava tietando e tirando foto. Já vi também o piloto (de Formula 1) Charles Leclerc, da Ferrari, e o tenista Novak Djokovic. Esse ano vou ver a Formula 1 para saber como é a experiência”.

Ele soma três gols e oito assistências em 58 jogos disputados pelo Monaco. Com as boas atuações, o brasileiro entrou no radar de vários clubes da Europa.

“Jogadores do Monaco sempre são tietados em toda janela, isso é quase normal aqui. Já sabem que no final da temporada é isso. Comigo não é diferente, venho fazendo um bom trabalho, fico sabendo pouco e vejo o que pessoal comenta, mas não sei de nada. É resolvido internamente entre o clube e os empresários. Procuro fazer o meu trabalho e o que for bom para mim e para o clube será muito importante”, disse.

De acordo com o jornal Sport, ele é monitorado de perto pelo Barcelona. À ESPN, o lateral confirmou que representantes do clube catalão procuraram a diretoria do Monaco. “Teve conversas com o clube, mas para mim nada. Ele vieram saber como estava a minha situação e ver como podem iniciar alguma conversa, mas nada oficial”.

O principal sonho do ex-jogador do Grêmio é ir para a seleção brasileira principal e jogar a Olimpíada de 2024, em Paris

“Começou um novo ciclo após a Copa do Mundo. Eu busco meu espaço e é uma consequência de um trabalho bem feito no clube. Minha hora pode chegar e estou trabalhando para ser uma novidade”.

Trajetória meteórica
Vanderson começou aos 12 anos na escolinha Vila Aurora com o técnico Sebastião Xavier, mas ficou sem jogar após o clube falir. Depois disso, não conseguiu ser aprovado em vários testes e quase largou o futebol.

“Fiquei uma semana no Londrina e no Santos e também fiz peneiras do Atlético-MG e do Fluminense. Aos 15 anos, pensei em parar e trabalhar para ajudar a família. Meu pai trabalhava numa construtora e minha mãe era empregada doméstica. Estava com a ideia de estudar e fazer outras coisas”, disse.

No entanto, o jovem recebeu uma chance de fazer uma avaliação no Rio Branco-SP por meio de um projeto que tinha Sandro Hiroshi como um dos responsáveis. Após ser finalmente aprovado, ele ficou seis meses em Americana e passou a ser agenciado pelo ex-atacante de São Paulo e Flamengo.

“Joguei o Paulistão sub-17 e fui muito bem. Teve um clássico que perdemos por 6 a 1 para o União Barbarense. A gente já estava eliminado e o time foi bem desfalcado, mas nunca podemos desistir porque sempre tem alguém nos olhando. Tentei algumas jogadas e várias equipes quiseram me contratar”, revelou.

O destino de Vanderson foi o Grêmio, que o levou para fazer testes. “Nos primeiros seis meses eu fui me adaptando e aprendendo até conseguir assinar contrato. Nunca tinha ficado tanto tempo longe de casa e fiquei quase um ano e meio sem visitar a família. Saí do Mato Grosso e fui para o Sul, era tudo novo. Passei por muitas dificuldades, que me fizeram ficar mais forte. Você precisa passar pelos processos na vida”.

Ele jogou pelo sub-20 e se destacou na Copa São Paulo de Futebol Júnior até chegar ao time de transição gremista. Em 2020, ele subiu para completar os treinos do elenco profissional.

“Fui bem, o Renato gostou do que fiz e completei o banco de reservas contra o Cuiabá. Depois, voltei pra base e estreei contra o Atlético-GO dando assistência na vitória por 2 a 1. No meu segundo jogo já fiz um gol. Tive muita ajuda de todo elenco na minha subida, foram muito parceiros. Foi muito difícil para o Grêmio, mas cresci muito como profissional”.

Logo em seguida, Vanderson foi titular do Grêmio no segundo jogo da final da Copa do Brasil contra o Palmeiras, que sagrou-se campeão. Em 2021, ele se destacou, apesar do Grêmio ter sido rebaixado para a Série B do Brasileirão.