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Homem tenta sequestrar a ex-esposa minutos após ela prestar queixa

Mulher afirma ter sofrido tentativa de sequestro em Santos (SP) — Foto: Reprodução

Uma mulher de 24 anos alega ter sofrido uma tentativa de sequestro pelo ex-marido, de 27, em Santos, no litoral de São Paulo. Imagens obtidas pelo g1 nesta sexta-feira (19) mostram o homem forçando a vítima a entrar em um carro. A jovem havia registrado um boletim de ocorrência (BO) contra ele minutos antes, por sofrer ameaças pelo telefone.

O caso aconteceu na Avenida Pedro Lessa, no bairro Embaré, na segunda-feira (15). A vítima, que prefere não ser identificada, contou ao g1 ter sido surpreendida pelo homem ao sair de um carro, após uma corrida por aplicativo. Ela disse que foi seguida por ele, que dirigia outro veículo, da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) da cidade até o local, onde entregaria o próprio currículo em um comércio.

Câmeras de monitoramento flagraram o momento em que o homem, que não teve o nome divulgado, saiu de um carro branco, cruzou a esquina a pé e, segundos depois, voltou segurando a mulher nos braços.

Ele tentou forçar a vítima a entrar no veículo, mas não conseguiu. No vídeo, o homem aparece tentando empurrar a mulher para dentro do carro, pela porta do passageiro, enquanto ela resiste. A mulher tenta se desvencilhar, se jogando no chão e depois tentando se levantar ao ser jogada em direção ao banco.
Rapidamente, pessoas que passavam pela rua percebem o que estava acontecendo e retiram a vítima do local. É possível ver que o agressor ainda discute com parte das pessoas que estão passando, quando a mulher já não aparace mais nas imagens. Por fim, o ex-marido da jovem entra novamente no automóvel e foge subindo a calçada. A situação durou aproximadamente dois minutos.

“Quando eu vi [o ex-marido], já sabia das intenções dele”, relatou a vítima. “Pensei: ‘não posso deixar que ele me coloque dentro desse carro, pois não sei o que acontecerá comigo depois’. Me joguei no chão e fiz de tudo para impedir, até que alguém veio me ajudar”.

A mulher disse que, na ocasião, o ex-marido levou o celular e a carteira de identidade dela. A vítima acrescentou que o homem pegou à força todos os boletins de ocorrência que ela registrou contra ele e que haviam sido levados até a DDM na última denúncia.

Nas imagens, é possível ver que ele retorna ao veículo com uma pasta na mão. O g1 não localizou a defesa do homem até a última atualização desta reportagem.

Relacionamento e medida protetiva
A jovem contou ao g1 que o relacionamento durou aproximadamente 10 anos e que, durante esse período, morou com o homem na capital paulista. Atualmente, ela vive na casa de familiares em Santos (SP). Eles têm três filhos juntos, sendo um menino e duas meninas, todos menores de idade.

A vítima já registrou quatro boletins de ocorrência contra o ex-marido, sendo a maioria deles por violência doméstica. Em um dos registros, feito no último dia 29 de abril, ela informou à Polícia Civil que o homem foi até a casa da família dela em Santos, sem ser convidado, e “tomou” as filhas, levando as meninas para São Paulo. O menino, por sua vez, segue com a mãe.

A mulher também contou ao g1 que foi agredida pelo suspeito durante o relacionamento e após o término. Os episódios de violência, segundo a vítima, aconteciam normalmente depois de desentendimentos entre eles. A Justiça de São Paulo determinou, em abril, uma medida protetiva que obriga o homem a manter uma distância de, pelo menos, 200 metros da jovem.

“No período em que moramos juntos ele já era agressivo. Me agrediu nas três vezes em que estive grávida”, desabafou. “Eu e minha família temos medo de sair na rua. Fico presa, impedida de viver e trabalhar. Parece que nós somos os prisioneiros. Ele faz as coisas e está aí, na rua”.

SSP-SP
A Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP) informou que a tentativa de sequestro e o momento em que ele “tomou” as filhas da vítima foram registrados como “violência doméstica, roubo, descumprimento de medida protetiva de urgência e perseguir” na DDM de Santos.

A delegacia mencionada, ainda de acordo com a SSP-SP, investiga as situações por meio de inquérito policial e sob sigilo.