Um trabalhador alagoano foi resgatado junto com o grupo de 57 pessoas flagradas em condições análogas a de escravo no município de Ilha Solteira no interior de São Paulo, em uma ação de fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego, ocorrida no último dia 11 de Maio.
Na data da ação, foi verificado que os trabalhadores, que realizavam atividades de plantio manual de cana-de-açúcar, eram contratados por um empreiteiro e não possuíam carteira de trabalho anotada, não tinham direito a férias, 13º salário ou qualquer outro benefício previdenciário.
Eles ainda eram responsáveis por distribuir e alinhar mudas de cana em cima dos caminhões, uma atividade que oferece risco. Os trabalhadores eram posicionados sobre a carga de cana-de-açúcar armazenada na carroceria de caminhões canavieiros, configurando situação de grave e iminente risco, permanecendo em pé sobre a carga de mudas de cana-de-açúcar e lançando as mudas para o plantio nos sulcos, utilizando as duas mãos na atividade e se deslocando sobre a carga com o veículo em movimento.
Além disso, há o risco de tombamento do caminhão canavieiro, vez que o veículo se deslocava em terrenos irregulares, previamente sulcados para receber as mudas de cana-de-açúcar. Alguns trabalhadores já haviam sofrido pequenas lesões decorrentes de quedas durante o trabalho.
Na frente de trabalho de plantio também não havia nenhuma instalação sanitária, tendo os trabalhadores de fazerem suas necessidades fisiológicas em pequenos arbustos, fazendo a higiene posterior com papel que levavam ou com folhas secas. Não havia nenhum abrigo contra intempéries para realização de refeições ou recipiente térmico para transporte de comida e água.
Os trabalhadores também não recebiam equipamentos de proteção individual como botas, caneleiras e luvas ou equipamentos de proteção pessoal, como protetor solar, chapéu e roupas apropriadas e eram transportados, sem qualquer autorização, até a frente de trabalho em dois ônibus e um micro-ônibus sem condições de tráfego, com as ferramentas de trabalho.
No grupo, além do alagoano, havia 15 trabalhadores migrantes de outros Estados, sendo 6 indígenas da Aldeia Amambai/MS e nove do interior do Maranhão. Eles ficavam alojados em casas alugadas pelo empreiteiro nos municípios de Andradina e Castilho, dormindo em colchões velhos, atirados ao chão, sem armários para guarda de roupas e pertences pessoais, que ficavam jogados no chão ou no colchão. Os indígenas dormiam em uma varanda.
Sanções
Devido à situação a fiscalização determinou a imediata paralisação das atividades, alojando os trabalhadores em hotel no município de Castilho, onde ficaram aguardando o pagamento dos valores devidos a eles. Após assinatura pelo empregador de Termo de Ajustamento de Conduta com o MPT e DPU, cada trabalhador teve assegurado R$ 4 mil por dano moral individual e cerca de R$ 360 mil reais em valores de rescisão.