Durante sessão da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado nesta terça-feira (23), Magno Malta (PL-ES) criticou as cobranças por justiça e respeito no novo caso de racismo contra Vinicius Júnior, classificando a situação como uma “revitimização”. Ele ainda questionou: “Cadê os defensores da causa animal que não defendem o macaco?”.
“Você só pode matar uma coisa com o próprio veneno de alguma coisa. Então, o seguinte: cadê os defensores da causa animal que não defende (sic) macaco? Macaco tá exposto (sic). Veja quanta hipocrisia. E o macaco é inteligente, é bem pertinho do homem, a única diferença é o rabo. Ágil, valente, alegre, tudo o que você pode imaginar, ele tem”, disse.
“Eu, se fosse um jogador negro, eu ia entrar em campo com uma leitoinha branca nos braços e ainda dava um beijinho nela. Falava assim: ‘Ó como não tenho nada contra branco. E eu ainda como se tiver….”, colocou.
O parlamentar também alegou que a cobertura da imprensa brasileira sobre o caso — que cobra atitudes das autoridades espanholas e debate o racismo contra o atleta brasileiro — é feita porque “dá ipobe”.
“O mais triste para mim é que as emissoras ficam com esse assunto desde ontem reverberando, revitimizando ele, porque o assunto dá Ibope, para eles ganhar (sic) mais patrocinador (sic). É uma descaração isso”, comentou.
Vinicius Jr. é vítima de mais um caso de racismo na Espanha
O atacante Vinicius Jr., do Real Madrid e da Seleção Brasileira, sofreu, mais uma vez, insultos racistas de torcedores rivais na Espanha.
O jogador brasileiro foi hostilizado por torcedores do Valencia, no estádio de Mestalla, no domingo (21). A partida chegou a ser paralisada pelo árbitro e, posteriormente, foi retomada.
Vinicius Jr. se manifestou em relação ao episódio nas redes sociais, pontuando: “Não foi a primeira vez, nem a segunda e nem a terceira. O racismo é o normal na La Liga. A competição acha normal, a Federação também e os adversários incentivam. Lamento muito. O campeonato que já foi de Ronaldinho, Ronaldo, Cristiano e Messi hoje é dos racistas”.
“Uma nação linda, que me acolheu e que amo, mas que aceitou exportar a imagem para o mundo de um país racista. Lamento pelos espanhóis que não concordam, mas hoje, no Brasil, a Espanha é conhecida como um país de racistas”, adicionou.
“E, infelizmente, por tudo o que acontece a cada semana, não tenho como defender. Eu concordo. Mas eu sou forte e vou até o fim contra os racistas. Mesmo que longe daqui”, escreveu o atacante.
O presidente da La Liga, que é responsável pelo campeonato espanhol, Javier Tebas Medrano, criticou a publicação de Vinicius Jr, alegando que “já que os que deveriam te explicar o que é e o que a La Liga pode fazer nos casos de racismo, temos tentado explicar, mas você não compareceu a nenhuma das duas datas combinadas para isso que você mesmo solicitou”.
O posicionamento do presidente da La Liga foi prontamente respondido pelo jogador: “Mais uma vez, em vez de criticar racistas, o presidente da LaLiga aparece nas redes sociais para me atacar”. (…) Quero ações e punições. Hashtag não me comove.”, escreveu Vini.
Autoridades brasileiras repudiaram o episódio, inclusive com uma nota conjunta entre os governos de Brasil e Espanha, na qual declararam “solidariedade incondicional” a Vini Jr. e a todos os atletas que “vivenciam diariamente a violência racista no esporte”. Além disso, cobraram maior urgência nas ações das instituições competentes nesses casos.
O ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, afirmou à CNN existir conivência das autoridades espanholas, dos patrocinadores e de parte da imprensa no caso.
“Tem muita coisa errada acontecendo na Europa, acontecendo no futebol europeu. Se as autoridades continuarem omissas como estão, se nada for feito, eu acho que nós vamos ter um cenário muito grave e que pode transbordar os estádios de futebol”, acrescentou.
Nesta terça-feira (23), sete suspeitos foram presos pelas autoridades espanholas por supostamente estarem envolvidos em atos racistas contra Vini Jr — nos casos do jogo contra o Valencia e de uma partida contra o Atlético de Madrid, em que simularam o enforcamento do brasileiro com um boneco.