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Advogado que denunciou Bretas diz que ele é “vítima dos métodos da Lava Jato”

Agência Brasil

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No centro de uma denúncia publicada pela revista “Veja” nesta sexta-feira (26) contra o juiz responsável pela Lava Jato do Rio de Janeiro, Marcelo Bretas, o advogado Nythalmar Dias Filho disse à CNN que o magistrado é “vítima dos métodos da Operação Lava Jato“.

O advogado – que fechou acordo de colaboração premiada com a Procuradoria-Geral da República em 2021 – seria, segundo a reportagem, o intermediário de um esquema de venda de sentenças liderado por Bretas.

O juiz está há quase três meses afastado da magistratura por decisão do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), após a análise de três procedimentos disciplinares que apontam desvio de conduta dele na condução dos processos da Lava Jato no Rio. Ele nega todas as acusações.

“A acusação seria cômica, se não fosse trágica. Espero que a Lava Jato entenda, dessa vez, que o direito penal é uma ciência e que quem não concorda com seus métodos não está errado”, afirmou à CNN o advogado Nythalmar.

De acordo com reportagem da “Veja”, Bretas foi acusado por um condenado por corrupção na Lava Jato de liderar um suposto esquema criminoso de venda de sentenças com a intermediação de Nythalmar.

A CNN confirmou que há um documento registrado em cartório em 2021 no qual o ex-presidente do Departamento de Transportes Rodoviários (Detro-RJ) Rogério Onofre diz ter sido procurado pelo advogado Nythalmar para negociar sua liberdade. A libertação custaria R$ 8 milhões e seria dividida entre o juiz e o advogado.

Ambos negam o esquema. Nythalmar alega ter sido advogado de Onofre e diz que “um condenado tenta usar seu sangue para lavar seus pecados”. Bretas informou que, à época em que o documento foi assinado, Onofre já havia sido condenado por ele.

Denúncia na OAB

A denúncia de cobrança de R$ 8 milhões chegou à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em mais um processo movido por advogados que tentam cassar o registro de Nythalmar.

Em sua colaboração premiada, ele apresentou um áudio gravado por ele em 2017 no qual o ex-juiz demonstraria combinar penas com o advogado e caminhos para investigação com os promotores da Lava Jato.

A delação demonstra, segundo apurou a CNN, que Bretas combinou versões e teses para manter operações relacionadas à Lava Jato sob seu controle desde 2017.

Nos últimos anos, Bretas mandou prender, entre outras pessoas, o ex-presidente Michel Temer (MDB) e o ex-governador do Rio Sérgio Cabral.

Em postagem em seu Instagram nesta sexta-feira (26), o juiz Marcelo Bretas criticou a reportagem da revista “Veja”.

“A matéria diz que um réu condenado fez uma declaração em cartório, numa escritura pública, em 08/2021, dizendo que um advogado [Nythalmar] pediu a ele dinheiro e esse dinheiro seria também pra mim. Detalhe, eu assinei a condenação desse réu em 06/2021”.

O juiz afastado também questiona: “Será que vale tudo contra a Lava Jato?”.

“Eu pergunto, por fim: quanto vale a declaração de um réu condenado, seja numa escritura pública ou em um papel higiênico, que tenta prejudicar o juiz que o condenou? Pois eu respondo, o mesmo que vale a declaração de um advogado mentiroso e criminoso em uma delação premiada fajuta, se é que ela existe. Como eu sempre digo, a mentira não dura muito tempo. A verdade sempre prevalece”, diz Bretas.

A CNN procurou o juiz Marcelo Bretas para comentar as declarações, mas ele não respondeu. Em nota, a Justiça Federal do Rio informou que “o dr. Marcelo Bretas prefere não se manifestar sobre o assunto”.