Interior

Praticante da Umbanda é vítima de intolerância religiosa no interior de Alagoas

Mulher foi ameaçada de morte por um vizinho. OAB/AL irá acompanha o caso

Na última semana, uma mulher praticante da religião Umbanda, foi ameaçada de morte por um vizinho, supostamente incomodado com as celebrações realizadas na casa dela, no município de Arapiraca, no Agreste de Alagoas. Agora a Comissão Especial de Direito e Liberdade Religiosa e da Comissão da Igualdade Racial da Ordem dos Advogados do Brasil em Alagoas (OAB/AL) vai acompanhar o caso.

Reprodução / portaleducacao

Ilustração

A OAB/AL informou que a vítima relatou que o vizinho vinha demonstrando insatisfação com a religião praticada por ela, a ponto de, em determinada oportunidade, fazer questão de dizer, na presença dela, que tinha uma arma de fogo em casa. A situação passou a ficar insustentável quando ele começou a atrapalhar as celebrações e a fazer ameaças enquanto os rituais aconteciam.

Ainda segundo a mulher, da última vez em que ele se manifestou a respeito, em meados de maio, usou palavras de baixo calão e disse que daria um “tiro na testa dela” ao ouvi-la conversando com uma amiga nos fundos da casa, onde ocorrem as celebrações, a respeito da prática religiosa delas e das entidades de matriz africana.

Houve uma discussão e a vítima conseguiu gravar as agressões verbais que estavam sendo feitas pelo homem. Ela decidiu, então, denunciar o fato na Delegacia de Polícia Civil, onde foi registrado um Boletim de Ocorrência, e também procurar a OAB Alagoas para que as comissões responsáveis pudessem acompanhar o caso.

De acordo com o presidente da Comissão Especial de Direito e Liberdade Religiosa, Isaque Lins, por se tratar de um caso ocorrido no interior do estado, demandou mais atenção pelo fato de somente Maceió ter delegacia especializada para tratar de casos de intolerância religiosa.

“Os casos de intolerância religiosa praticados no interior demandam uma atenção maior da Comissão, isso porque os interiores não possuem delegacia especializada, como possui a capital. Com isso em mente, além da orientação telepresencial que fizemos, enviamos um membro da Comissão até Arapiraca para acompanhar pessoalmente a vítima, de modo a fornecer o suporte necessário nesse momento de acolhimento. Agora, resta-nos aguardar o transcorrer do inquérito, de modo a esperar que o agressor responda na forma da lei. O nosso trabalho segue incansável”, afirmou Isaque Lins.

A vítima, que é psicóloga, relata que o fato lhe causou muitos danos psicológicos e que, desde o ocorrido, não consegue mais dormir, chora com frequência e não se sente mais à vontade para entoar os cânticos religiosos dentro da própria casa, sem que seu companheiro esteja presente. Ela conta, ainda, que precisou recusar uma oportunidade de emprego e que vem sendo pressionada pela família para mudar de casa e procurar um local mais seguro, o que ela se recusa a fazer em virtude do vínculo emocional que tem com o imóvel.