A gestora do abrigo suspeito de dopar idosos para não aumentar o número de cuidadores, em Valparaíso de Goiás, no Entorno do Distrito Federal, foi retirada do cargo após uma intervenção civil, que foi acatada pela Justiça a pedido do Ministério Público (MP). A Polícia Civil (PC), segundo a delegada Samya Nogueira, também participou da ação dando apoio caso houvesse resistência por parte do local.
O g1 entrou em contato com a Casa de Jacó Lar de Idosos para que se posicionassem, mas não obteve resposta até a última atualização desta reportagem.
Mesmo com a troca de gestão realizada nesta terça-feira (6), as investigações continuarão, de acordo com a delegada. O abrigo é suspeito de praticar maus-tratos contra os internos, além de usar medicações fora do receituário.
“Estamos esperando os resultados dos laudos e também vamos ouvir as testemunhas. Apareceram outras famílias querendo representar contra o abrigo”, contou.
Para investigar os crimes, a delegada recolheu as câmeras de segurança do lar de idosos. As filmagens foram trazidas para a Polícia Técnico-Científica, em Goiânia, onde passam por uma perícia. A delegada também ouviu as duas funcionárias que trabalhavam no local à noite.
“Foi confirmado que eles maceravam os remédios em um pilão e davam aos idosos”, afirma.
A delegada afirma que, inicialmente, uma denúncia anônima informou que os idosos eram vítimas de maus-tratos, negligência, violência psicológica e que oito internos teriam morrido devido a superdosagem de medicamentos. Entretanto, a investigadora explica que, durante uma visita ao abrigo, a polícia verificou apenas os maus-tratos e os medicamentos sem receitas.
“Nós fomos durante o dia e não encontramos evidências de idosos dopados. Então, voltamos à noite”, diz. Durante a visita, a polícia encontrou 38 pacientes aos cuidados de apenas dois funcionários. Sobre as mortes, a delegada diz que as perícias não confirmaram a informação. “Foi feita uma perícia, que deu resultado inconclusivo para a superdosagem de medicamentos”, diz.
Nogueira detalha que a denúncia dizia oito mortes, porém, a perícia foi feita em apenas um idoso, pois os familiares das outras sete possíveis vítimas não procuraram a polícia.