Bel Moreira, que tem em seu currículo personagens em 'Chiquititas' e 'As Aventuras de Poliana', do SBT, namora há quase dois anos a produtora e criadora de conteúdo Halana Lacerda, de 29 anos
Prestes a completar 24 anos de idade no próximo sábado (17), a atriz e cantora Bel Moreira está cheia de motivos para comemorar. Além de estar realizada na vida pessoal, a artista está felicíssima com o rumo de sua carreira. Após uma longa temporada no SBT — em Chiquititas e As Aventuras de Poliana Moça –, a jovem pode ser vista como a Gabi da série Dois Tempos, nova produção nacional do Star+ voltada para o público adolescente do streaming.
“Estou vivendo um momento melhor impossível. Acho que meu tempo no SBT foi essencial para ter um bom desempenho na Star+. O set da novela me ensinou muito e a isso serei eternamente grata. Também fico muito feliz ao pensar que estou desenhando minha carreira da forma que sempre quis: dando um passo de cada vez. Acho que a série é meu ponto de partida para uma nova fase, o que me deixa com um delicioso frio na barriga”, celebra.
Bel afirma estar mais centrada, com foco na carreira e sem pressa. “Prefiro dar poucos passos, mas ter a certeza de que são seguros. Estou muito feliz com a minha vida pessoal também. Me sinto amada pelas pessoas que amo e sortuda de ter alguém como minha namorada [Halana Lacerda, de 29] ao meu lado. Eu tenho total consciência de que, literalmente, tudo nessa vida é passageiro. Por isso, eu estou também tentando aproveitar essa fase ao máximo”, avalia.
Com oito episódios de meia hora, a narrativa de Dois Tempos passeia por duas épocas: 2022 e 1922. E é nisso que a trama se baseia, como o próprio título já aponta. A produção mistura doses de drama, comédia, representatividade, viagem no tempo e muita fantasia.
“Meu maior desafio em ‘Dois Tempos’ foi, na verdade, o próprio tempo. As filmagens da série e da novela foram simultâneas, o que muitas vezes resultava em dois sets por dia. As duas produções, sabendo disso, foram extremamente cuidadosas comigo. Lembro de chegar todos os dias na locação da série e a primeira pergunta sempre ser: ‘você já comeu?'”, recorda.
Bel destaca a correria que é o dia a dia de gravações. “Se pudesse definir o que é um set de filmagem em poucas palavras, diria que é uma corrida contra o relógio. Não importa se o período de filmagem é um mês ou um ano, a gente sempre está atrasado (risos)”, diverte-se. “Por isso, quando priorizavam meu bem-estar, me sentia muito bem amparada. Dentro do campo da interpretação, posso dizer que Gabi foi uma personagem muito tranquila. Emprestei muito de mim para ela e descobri uma paixão por comédia, que eu jurei que seria minha maior dificuldade”, acrescenta.
Bissexualidade
Ainda que tenha se tornado famosa no meio infantojuvenil como a Raquel, de As Aventuras de Poliana e Poliana Moça, personagem que interpretou durante cinco anos, Bel ganhou ainda mais visibilidade com o público jovem depois que assumiu ser bissexual publicamente.
“É importante para mim ser sincera e autêntica. Não mudaria nada a meu respeito pelo público. Mas, ao mesmo tempo, eu tenho muita consciência sobre como as minhas ações podem influenciar as diversas pessoas que me acompanham. Meu foco é mostrar quem eu sou com responsabilidade”, argumenta.
Há quase dois anos a produtora e criadora de conteúdo Halana Lacerda, de 29 anos, Bel se derrete ao falar sobre a namorada. “Meu namoro está ótimo. Temos muitos planos, alguns de trabalho e um especial: uma viagem para a França pela primeira vez juntas”, afirma.
A atriz diz que, desde que assumiu sua bissexualidade, sempre teve o apoio da família. “Não tive problema algum para me assumir, não tive dúvidas sobre o respeito e dignidade com que seria acolhida por todos. Sou muito apegada a meus pais, minhas irmãs e minha avó! E com todos, a conversa foi tranquila, amorosa e especial”, conta.
Preconceito
Bel admite que o preconceito existe e, infelizmente, é constante. “Seja no dia a dia de qualquer pessoa da comunidade LGBTQIAPN+, na política, nos espaços públicos e privados, nas notícias que circulam todos os dias com mais um atentado à vida de pessoas que fogem da norma cis-hétero. É exaustivo, agonizante e diversas vezes geram gatilhos”, lamenta.
“Por isso o mês do orgulho, a parada e tudo que ela representa são tão importantes. Não faz muito tempo que era bonito dizer TV que pessoas como eu deveriam morrer. O movimento e suas datas são um lembrete de que não vamos”, afirma.
A atriz recorda as críticas que já recebeu por não depilar as axilas. “Passei anos da minha infância sonhando com a depilação e anos da minha adolescência me depilando. Sempre tive mais pelos nas pernas que minhas colegas de escola e me sentia estranha por conta disso. Quando comecei a me depilar, minha pele teve algumas reações alérgicas por conta da frequência”, diz.
Por um bom período, Bel conta que pensou que deveria engolir o choro. “Afinal, eu queria ser linda. E para ser linda não poderia ter um único pelo fora do lugar. Até que no auge dos meus 15, 16 anos, entrei em contato com a literatura feminista e muitas coisas mudaram de perspectiva na minha vida”, pontua.
“E a depilação, uma das mais banais, é a que mais recebe atenção atualmente. Acho importante dizer que não decidi compartilhar uma foto em que minhas axilas aparecem com pelos porque queria provar algo. Eu posto fotos e, por acaso, algumas mostram meus pelos. É simples assim”, justifica.