Política

Ex-ajudante de ordens de Bolsonaro Mauro Cid depõe à CPI dos Atos Golpistas nesta terça

Ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid prestará depoimento nesta terça-feira (11) à CPI dos Atos Golpistas do Congresso Nacional.

Braço direito de Bolsonaro na Presidência da República, Mauro Cid deverá ser questionado pelos parlamentares sobre o conteúdo com teor golpista encontrado no celular do militar, que foi apreendido pela Polícia Federal em uma operação que levou à prisão do ex-ajudante de ordens.

Segundo a colunista do g1 Andréia Sadi, havia no celular de Cid um documento com instruções para que as Forças Armadas agissem após a derrota de Bolsonaro na disputa presidencial contra Lula.

Durante os quatro anos de Bolsonaro no poder, Mauro Cid era visto frequentemente com o presidente da República, em eventos públicos ou em agendas internas.

O depoimento de Mauro Cid à CPI deveria ter acontecido na semana passada, mas, como a Câmara dos Deputados decidiu dedicar a agenda da semana a projetos da área econômica (como a reforma tributária), as atividades das comissões foram suspensas para que o plenário se dedicasse à agenda da economia.

Com isso, o depoimento do militar foi adiado para esta semana.

Direito de ficar em silêncio
Os requerimentos que levaram Mauro Cid a prestar o depoimento desta terça-feira o colocaram tanto na condição de testemunha quanto na condição de investigado.

Há diferença nessas duas condições porque:

se for como testemunha: é obrigado a responder a todos os questionamentos;
se for como investigado: pode ficar em silêncio para não produzir prova contra si.
Diante disso, a defesa do militar pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) que ele não fosse obrigado a comparecer à comissão.

Ao analisar o pedido, a ministra Cármen Lúcia decidiu que Cid tem a obrigação de comparecer à CPI, mas pode ficar calado para não se autoincriminar.

PF encontra em celular de Mauro Cid rascunho de decreto para atropelar resultado das urnas
PF encontra em celular de Mauro Cid rascunho de decreto para atropelar resultado das urnas

Como deve ser a sessão
A expectativa entre parlamentares é que a sessão tenha clima “quente”.

Geralmente, as sessões da CPI destinadas a depoimentos costumam acontecer da seguinte maneira:

na abertura da sessão, o presidente da CPI, deputado Arthur Maia (União Brasil-BA), dá 15 minutos para o depoente fazer uma fala inicial;
nessa fala, os depoentes costumam apresentar seu histórico profissional e pessoal e já se defender de acusações;
em seguida, cada parlamentar tem 10 minutos para fazer questionamentos ao depoente (esse tempo abrange as perguntas e as respostas);
a primeira parlamentar a fazer os questionamentos é a senadora Eliziane Gama (PSD-MA), relatora da CPI.

Prisão de Cid
Mauro Cid está preso desde o início de maio suspeito de envolvimento em um esquema de fraudes em cartões de vacinação de Bolsonaro e familiares.

Bolsonaro sempre disse que não havia se vacinado contra a Covid-19, mas consta do cartão de vacinas dele a imunização contra a doença.

Jean Lawand Júnior
Em razão das mensagens com teor golpista encontradas no celular de Mauro Cid, um outro militar, o coronel Jean Lawand Júnior, foi chamado a depor à CPI.

Nas mensagens, enviadas após a vitória de Lula nas urnas, Lawand sugeriu a Cid que pedisse a Bolsonaro para dar uma ordem para que as Forças Armadas agissem.

No depoimento, Lawand negou ter proposto um golpe, afirmando que havia sugerido uma ação de Bolsonaro para “pacificar” o país e evitar, nas palavras dele, uma “convulsão” social. Ele ainda se disse a favor da democracia.

A versão, porém, foi rejeitada por parlamentares tanto da base quanto da oposição, que acusaram Lawand de ter mentido à CPI. O entendimento foi o de que as explicações dadas por ele não batiam com o conteúdo das mensagens.