O grupo Prerrogativas, formado por advogados e juristas considerados progressistas — e que apoiaram Lula durante as eleições de 2022 —, contestou as críticas de dois dos maiores representantes da Lava-Jato, o agora senador e então juiz Sergio Moro (União Brasil-PR) e o ex-deputado federal Deltan Dallagnol (Podemos-PR), que foi o procurador da operação. Ambos apontaram contradições no uso da delação premiada do ex-bombeiro Élcio de Queiroz no caso Marielle Franco.
O método foi extremamente criticado por aliados e apoiadores de Lula durante a Lava-Jato. À “Folha de S.Paulo”, Moro disse que o governo deveria “morder a língua” por adotar as tão criticadas delações. Ao longo de toda a segunda-feira, 24, Dallagnol utilizou as redes sociais para debater o tema. “Delação agora é prova? Até ontem, o PGR estava ‘desdenunciando’ e o STF ‘desrecebendo’ denúncias adoidados contra corruptos sob o fundamento de que apenas a delação não é suficiente. Alguma lei deve ter mudado… Ou o que mudou foi a capa dos autos?”, disse o ex-procurador.
As provocações causaram comoção no grupo Prerrogativas, levando o advogado Marco Aurélio de Carvalho a declarar que o grupo continua crítico à delação premiada, mas que não podem ser utilizadas como outros elementos de prova que as corroborem. “O que [Moro e Deltan] esqueceram de dizer é que as delações em questão não foram, ao que parece, conduzidas como costumavam ser as realizadas no bojo da Operação Lava Jato”, justificou Carvalho.