Futebol

Como se dá a ‘covardia psicológica’ de que Pedro, do Flamengo, alega ser vítima por parte de Sampaoli e comissão

Jogador entende que é incitado a ter reações para justificar sua manutenção como reserva. Clube vê exagero sem minimizar caso de agressão, e brecha criada para eventual saída

Guito Moreto

Pedro

Três tapas no rosto seguidos de um soco na boca. O trabalho de Jorge Sampaoli correu risco de ser interrompido por um lamentável episódio de agressão do preparador físico Pablo Fernández, da comissão do técnico argentino, ao atacante Pedro, que foi parar na delegacia após a virada sobre o Atlético-MG. O jogador não reagiu, mas fez boletim de ocorrência e exame de corpo de delito antes de o clube tomar as medidas legais, que passam por uma demissão do profissional por justa causa. A sequência do treinador com a saída de seu amigo e fiel escudeiro virou pauta emergencial, mas Sampaoli admitiu seguir sem Pablo. Já o atacante, que desobedeceu uma ordem de aquecer no fim do jogo, deve ser multado.

O problema é que a ferida em Pedro abriu a cicatriz em outros atletas do grupo. O atacante expôs problemas que passam pelo que entende ser um método de violência psicológica de Sampaoli e seus pares, e que não é novo. Já havia ocorrido na Europa, na seleção do Chile, e também afetou a Vidal e Marinho recentemente no Flamengo. Outros atletas remanescentes e sem oportunidades relatam o mesmo comportamento.

A partir do jogo com o Grêmio, pela Copa do Brasil, Pedro se sentiu vítima de uma provocação para que reagisse de maneira intempestiva a atual condição de reserva da equipe. Como se a comissão técnica quisesse justificar as decisões na escalação e substituição. Apesar de não estar feliz com a falta de oportunidades e tratamento igual ao de Gabigol, por exemplo, o motivo não é o banco. E sim a falta de sinceridade e o tratamento.

No meio de semana Sampaoli já havia feito críticas a Pedro em tom de deboche por perder alguns gols. Na agressão de Pablo Fernández, os tapas no rosto também foram vistos como provocação clara para levar a uma reação. O máximo que Pedro fez foi se recusar a aquecer no fim do jogo, o que motivou a cobrança e posterior agressão do preparador físico.

“A covardia física se sobrepôs diante da covardia psicológica que tenho sofrido nas últimas semanas. Alguém que se acha no direito de agredir o outro não merece respeito de ninguém. Já passei por muitas provações aqui no Flamengo, mas nada se compara com a covardia sofrida hoje”, afirmou Pedro.

Clube vê certa vitimização

Do lado do Flamengo, a alegação de Pedro é vista como certa vitimização. Segundo relatos, Sampaoli tem cobrado de Pedro mais vontade e treinamentos complementares no dia a dia, mas faz apenas o básico. O atacante passa a impressão de que não aceita ser reserva depois de ser convocado para a seleção brasileira. E já teria dado indícios de ciúmes em relação a Gabigol.

Apesar de o clube tratar como absurdo o comportamento do preparador físico Pablo Fernández, a reação de Pedro, alegando exatamente outros tipos de violência, foi vista como uma possível brecha para saída. O jogador tem sido orientado por empresários e advogados nos passos a seguir. Recentemente, surgiu a especulação de ofertas da Arábia Saudita, mas o Flamengo não confirma nenhuma proposta oficial.

Com contrato renovado até 2027, Pedro virou um problema, pois é caro, não tem mercado para ser negociado por um valor vantajoso, e o Flamengo não pretende reforçar outro clube brasileiro e perder a reposição na função de centroavante.