Política

STJ adia julgamento que pode destravar pedido para que Robinho cumpra pena no Brasil

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) adiou nesta quarta-feira (2) o julgamento que pode destravar a análise do pedido do governo da Itália para que o ex-jogador de futebol Robinho cumpra no Brasil a pena a que foi condenado na Itália por estupro. A nova data prevista é 16 de agosto.

O caso seria analisado nesta quarta pela Corte Especial, que reúne os 15 ministros mais antigos do STJ. A ação foi retirada da pauta da sessão de hoje porque o relator, Francisco Falcão, não pôde comparecer.

Os ministros vão analisar um pedido da defesa do ex-atleta para ter acesso à tradução do processo pelo qual foi condenado na Itália.

Em abril, Falcão votou por negar o recurso de Robinho. Logo em seguida, o ministro João Otávio de Noronha pediu mais tempo para analisar o recurso e interrompeu a conclusão do julgamento. Desde então, o pedido do governo da Itália para o cumprimento da pena está suspenso.

Robinho foi sentenciado a 9 anos de prisão pelo crime. Em fevereiro, o governo italiano pediu a homologação da decisão da Justiça do país — o que permitiria que Robinho cumprisse a pena no Brasil. É esse procedimento que está em avaliação pelo STJ.

Pedido da defesa

No recurso, a defesa do ex-jogador pede que a Itália envie ao Brasil a íntegra, traduzida para o português, do processo que condenou Robinho. Se concedida, a medida pode arrastar a conclusão do procedimento e atrasar o início de um possível cumprimento da pena.

Após a negativa do relator da ação, os advogados do ex-jogador recorreram ao plenário da Corte Especial. O ministro Francisco Falcão defende que compete ao STJ apenas analisar se os documentos anexados ao processo são suficientes para a homologação da decisão estrangeira.

“O ato homologatório da sentença estrangeira limita-se à análise de requisitos formais. Questões de mérito não podem ser examinadas pelo STJ em juízo de delibação”, afirmou.

“Descabido o pedido de intimação da república italiana para que junte integralmente ao processo o original traduzido”, destacou.

Em março, o ministro Falcão já tinha determinado que Robinho entregasse o passaporte à Justiça. Ele também foi proibido de deixar o país. As medidas foram cumpridas pela defesa do ex-atleta.

Segundo o relator, nesse tipo de caso, é importante fixar medidas para garantir eventual cumprimento da pena. Falcão mencionou que a retenção do passaporte é uma medida excepcional, mas se justifica porque Robinho tem recursos para deixar o país.

Condenação na Itália

Robinho foi sentenciado por estuprar, junto com outros cinco homens, uma mulher albanesa em uma boate em Milão, na Itália. Segundo a denúncia, o crime de violência sexual em grupo ocorreu em 2013, quando Robinho era um dos principais jogadores do Milan.

A vítima, de acordo com as investigações, estava inconsciente devido ao grande consumo de álcool. Os condenados alegam que a relação foi consensual.

Nove anos após o caso, em 19 de janeiro de 2022, a justiça daquele país o condenou em última instância a cumprir a pena estabelecida.