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Marta e mais três: CBF prepara conversa com líderes para definir próximos passos e futuro de Pia e da seleção brasileira feminina

Thais Magalhães/Confederação Brasileira de Futebol

Thais Magalhães/Confederação Brasileira de Futebol

Após a eliminação precoce na fase de grupos da Copa do Mundo feminina, a CBF se prepara para decidir quais rumos vai tomar na seleção brasileira.

A ESPN apurou que Ednaldo Rodrigues, presidente da entidade, vai se reunir com algumas líderes do elenco para ouvi-las antes de decidir quais serão os próximos passos da equipe. Marta, Tamires, Debinha e Bia Zaneratto fazem parte do grupo que conversará com o dirigente.

Dentre os assuntos, será abordado, é claro, o futuro de Pia Sundhage e sua comissão técnica, que têm contrato com a CBF até agosto de 2024, após o fim das Olimpíadas de Paris. Ednaldo quer ouvir ainda o que as jogadoras acham da continuidade de Pia na seleção, se a treinadora tem o desejo de permanecer e também o que precisa ser melhorado internamente.

A reunião ainda não tem data e local para acontecer já que as atletas deixaram a Austrália e ainda estão viajando de volta para seus respectivos clubes. Do grupo, apenas Tamires ainda não deixou o país.

Vale lembrar que Ednaldo adotou a mesma postura na seleção masculina há cerca de um mês, quando se reuniu com alguns jogadores antes de tomar a decisão de quem seria o novo técnico do Brasil. Ao fim, Fernando Diniz foi o escolhido como interino até a esperada chegada de Carlo Ancelotti.

O presidente da CBF esteve presente na campanha da equipe na Austrália e acompanhou todo o trabalho de dentro da deleção. A seleção ficou no empate sem gols com a Jamaica e foi eliminada ainda na fase de grupos.

Em nota, Ednaldo afirmou que o resultado ficou ”aquém do espero” e prometeu ”investimentos necessários” para a próxima edição dos Jogos Olímpicos.

”Já antecipo que este resultado em nada irá mudar o propósito da CBF na minha gestão de continuar investindo de forma consistente no futebol feminino como um todo. Pelo contrário, vamos intensificar este investimento. Teremos agora um ciclo olímpico pela frente e seguiremos dedicados a avançar”, disse em comunicado oficial.

A ESPN apurou que a CBF tinha como planejamento não tomar uma decisão de cabeça quente após a eliminação. Ednaldo Rodrigues é um dos defensores da cautela, de aguardar as próximas semanas para qualquer tomada de decisão. O desempenho decepcionante na Austrália e Nova Zelândia, no entanto, fez com que Pia perdesse apoio de nomes ligados ao comando da entidade.

Nesse balanço do trabalho, existe o reconhecimento de pontos positivos. Entre eles, estão o trabalho de preparação que antecedeu o Mundial e também a dedicação que a comissão técnica, que assumiu o Brasil em julho de 2019, sempre demonstrou.

A avaliação é que a eliminação precoce não passa por falta de empenho, estudo para a competição ou mesmo de análise das adversárias. Todos esses pontos são considerados satisfatórios no trabalho da estrangeira.

Já no lado negativo, o entendimento é que a técnica não foi capaz de fazer a seleção brasileira jogar – e também não houve evolução durante a competição, na qual o time estreou com goleada por 4 a 0 sobre o Panamá, mas depois jogou mal e perdeu para a França, por 2 a 1, antes do empate com as jamaicanas.

Para pessoas ligadas ao comando da CBF, também faltou variações táticas para o time, apesar das trocas de escalação que Pia promoveu para cada um dos três compromissos, principalmente, no ataque.

Mesmo as substituições de Pia foram mal avaliadas, algo que ela, inclusive, chegou a ser questionada em entrevista coletiva depois do 0 a 0 com a Jamaica. Pessoas ouvidas pela reportagem relataram “perda da confiança” no trabalho de Pia, o que reforça a “pressão” por uma troca nos bastidores. As próximas semanas serão decisivas para o futuro da seleção brasileira feminina.