No primeiro semestre de 2023, 62% dos crimes de estupro cometidos na capital foram de vulneráveis em 2023, segundo dados divulgados pela Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF).
De janeiro a junho deste ano, foram registrados 370 casos de estupro no DF. Desse total, 230 foram contra pessoas com menos de 14 anos, ou que, por enfermidade ou doença mental, não tem o discernimento para oferecer resistência ao ato sexual.
No mesmo período do ano passado, foram registrados 249 estupros de vulneráveis. Segundo a pasta, a faixa de pessoas com até 14 anos representa 75,3% das vítimas.
A maioria das vítimas são mulheres, com 82,2%. Já os autores são, quase em sua maioria, homens — 90,1%. Os dados também revelam que 77,4% dos crimes ocorreu dentro da residências das vítimas.
Segundo a psicóloga e psicopedagoga Kassiana Pozzatti, existem algumas mudanças de comportamento em crianças e adolescentes que podem ajudar a identificar se eles foram ou estão sendo vítimas de abuso sexual.
“Isolamento social, mudança de humor, alteração do sono, alteração do apetite, vergonha exagerada, medo exagerado ou até mesmo proximidade exagerada do abusador, que geralmente é uma pessoa conhecida da família e muito próxima à criança. Já os adolescentes apresentam quadro de automutilação, ideação ou tentativa de suicídio”, diz Pozzatti.
No entanto, antes mesmo de perceber os sinais, é importante orientar. “Ensinar para os filhos, desde muito pequenos, quem pode ou não fazer a higienização e trocas de roupas dessas crianças. Inclusive mostrando que partes do corpo que jamais devem ser tocadas. Isso precisa ser ensinado em casa, continuamente e de forma acolhedora”, afirma a psicóloga.
Para assistente social e professor da Universidade de Brasília (UnB) Vicente Faleiros, defender os direitos de crianças e adolescentes é dever de todos.
“Essa violência acontece principalmente na família. É importante que a escola assuma uma cultura de respeito ao corpo de crianças e adolescentes em formação, diálogo com as famílias, e também interação com o Conselho Tutelar. É importante que crianças e adolescentes tenham voz, tenham palavra e possam denunciar, falar com os responsáveis das escolas sobre essas questões que muitas vezes acontecem em segredo”, explica Faleiros.
Qualquer pessoa que tenha conhecimento da ocorrência de violência ou exploração sexual de crianças e adolescentes pode fazer a denúncia. Para denunciar um estupro de vulnerável, a vítima ou testemunha pode entrar em contato com: