Política

Advogado de Michelle deixa caso das joias após divergências com defesa de Bolsonaro

Ao blog, Daniel Bialski alega "motivos de foro íntimo" e diz que saída foi "de comum acordo com os interesses da ex-primeira-dama".

O advogado de Michelle Bolsonaro, Daniel Bialski, deixou, nesta terça-feira (22), a defesa da ex-primeira-dama no caso das joias sauditas. Ele alega “motivos de foro íntimo”.

Primeira-dama, Michelle Bolsonaro durante pronunciamento
/Reprodução YouTube

Segundo o blog apurou, o motivo oficial para a saída de Bialski do caso foi a escolha da cliente em não gastar mais dinheiro com um novo advogado, mantendo os já contratados.

Nos bastidores, no entanto, divergências com advogados do ex-presidente Jair Bolsonaro, que defendem uma estratégia diferente para a defesa do ex-chefe do Executivo e de Michelle, foram o motivo para a saída de Bialski.

Em nota enviada ao blog, o advogado afirma que deixou a defesa da ex-primeira-dama no caso das joias sauditas “em comum acordo com os interesses” de Michelle Bolsonaro.

“Deixarei de patrocinar a defesa [de Michelle Bolsonaro] no Inquérito nº 4.874/DF (Pet.11645), justamente porque os advogados que atualmente representam o ex-Presidente Jair Bolsonaro poderão e a representarão habilmente, daqui por diante neste caso”, diz o comunicado.

 

Advogado da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro em entrevista ao Estúdio i nesta segunda (21) — Foto: GloboNews

Mais cedo nesta terça (21), o blog adiantou que as defesas de Bolsonaro e de Michelle não estavam na mesma página sobre como organizar a defesa de ambos no caso das joias recebidas como presente em viagens ao exterior.

Nos bastidores, a defesa do ex-presidente tem defendido que a defesa dos dois seja unificada. A da primeira dama era contra.

A ideia da defesa de Michelle era repetir a estratégia usada no caso dos cheques que somavam R$ 89 mil depositados na conta de Michelle Bolsonaro por Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro, filho do ex-presidente.

Na época, Bolsonaro praticamente isentou Michelle de qualquer responsabilidade, ao justificar as transferências dizendo que havia emprestado o dinheiro a Queiroz e que os depósitos para Michelle correspondiam à devolução do montante. O ex-presidente negou haver irregularidades no caso.

Os advogados contrários a unificação avaliam que não há outra saída para proteger Michelle a não ser Bolsonaro assumir que foi ele quem deu a ordem para a venda das joias recebidas de presente —assim como assumiu no caso dos cheques.

Qualquer outro caminho, entendem, seria um “tiro no pé” no campo judicial e político.

Diferente de Bolsonaro, Michelle está elegível e pode sofrer prejuízo político eleitoral caso seja condenada no caso das joias, por exemplo. Por isso, auxiliares defendem que ela se descole da defesa de Bolsonaro, embora o grupo mais próximo da defesa do ex-presidente deseje unificar a defesa.

Unificar as defesas, para esse grupo de advogados, seria expor Michelle e deixá-la sem a blindagem necessária para a possível investida política da ex-primeira-dama.

A defesa de Bolsonaro, por sua vez, defendia unificar a defesa por entender que é possível alegar que a dinâmica das joias não atingiu a ex-primeira dama, ao mesmo tempo em que se mantém a versão de que Bolsonaro recebeu os presentes e estaria amparado uma portaria de 2017, que ele próprio revogou.