Ex-ginasta ficou tetraplégica há 10 anos e perdeu os movimentos dos braços e das pernas
Tetraplégica há cerca de 10 anos, a ex-ginasta Lais Souza revelou, nessa segunda-feira (28), ter sido vítima de diversos abusos sexuais praticados por cuidadores nesse período. A ex-atleta perdeu os movimentos dos braços e das pernas após sofrer um acidente em 2013, enquanto esquiava, durante treinamentos para participar das Olimpíadas de Inverno de Sochi 2014.
“Já fui abusada antes, quando tinha quatro anos, e depois do acidente, que foi quando realmente fiquei super vulnerável. Foram abusos inesperados. Estava totalmente vulnerável: deitada, dormindo… não estava nem vendo o que estava rolando”, detalhou na ocasião.
Ao programa “Café com Mussi”, no canal do ex-BBB Rodrigo Mussi no YouTube, ela explicou que a falta de sensibilidade nos membros dificultou a identificação das violações.
“Não tenho sensibilidade em 100% do corpo. Sinto que está tudo certo e a pessoa se aproveita daquilo. Se eu deitar de barriga [para baixo], acabou, não sei o que está rolando porque tenho pouca sensibilidade. São muitos procedimentos que preciso fazer de barriga para a baixo. Isso é só um exemplo”, explicou.
Atualmente com 34 anos, Lais Souza tem se dedicado a dar palestras e a atuar na área das artes plásticas. Em outro trecho do bate-papo com o ex-brother, ela detalhou que foi vítima de cuidadores de ambos os gêneros, independente da orientação sexual.
“A maioria [dos abusos] foi quando eu estava quase dormindo. Já aconteceu tanto com homem quanto com mulher. Com homem gay, mulher gay… é uma parada estranha, mas a gente tem que se educar e ‘ver’ mais essas coisas. Quem já passou por isso sabe que quem tem que ouvir é o homem hétero, mas também a população em geral. Nosso corpo é nosso corpo, não tem que ser invadido”, relatou.
Como reação aos crimes, a ex-atleta denunciou os suspeitos, mesmo apesar do temor de sofrer represálias.
“Simplesmente denunciei. Em alguns casos, me deu medo. Fiquei com medo de a pessoa vir atrás e me matar. Não [houve ameaça], só medo e insegurança mesmo.”
“Minha confiança é bem abalada. Para confiar em alguém, tenho saber realmente quem está ali, conversando, convivendo… quando vai entrar um cuidador, a gente fica um bom tempo treinando. Explico para ele como quero. Deixo cada coisa no seu lugar para que não tenha nenhum pontinho em que ele precise dar um passo para lá que eu não saiba. Tento fazer com que tudo esteja no meu controle”, detalhou na entrevista.