Eduardo Brazzolin, de 65 anos, foi baleado por um PM em frente à Delegacia de Polícia Sede de Guarujá (SP). Dois policiais militares teriam sido atingidos pelos disparos dele, que atirou na direção dos agentes após discutir com eles.
Um vídeo mostra o momento em que o policial civil Eduardo Antônio Brazzolin foi baleado e morto por um PM em frente à Delegacia Sede de Guarujá, no litoral de São Paulo. Nas imagens, obtidas pelo g1 nesta sexta-feira (1º), é possível ver que ele atirou primeiro na direção dos policiais militares após discutir com eles e ser derrubado no chão.
Segundo apurado pelo g1, dois PMs, que não tiveram as identidades divulgadas, teriam sido atingidos pelos tiros de Brazzolin, sendo um deles no ombro e o outro de raspão no rosto. Os dois sobreviveram. O policial civil, por sua vez, morreu no local.
Câmeras de monitoramento flagraram o ocorrido na porta da delegacia. Na ocasião, Brazzolin vestia uma camisa regata e bermuda. Ele discutia com três PMs junto com o filho maior de idade.
No vídeo, Brazzolin aparece se exaltando com os policiais militares e sendo segurado pelo filho, ainda durante a discussão. Depois, ele é imobilizado e derrubado no chão por um dos agentes. O homem puxou a arma e atirou na direção deles.
Por fim, um PM que segurava um fuzil foi para trás de um carro e atirou em Brazzolin, que morreu em seguida, sentado na calçada da delegacia.
Defesas
O g1 entrou em contato com o advogado Renato Cardoso, que representa a família de Brazzolin. Segundo o profissional, que também teve acesso às imagens, o policial civil “não teria a ação de atirar contra os PMs em sã consciência caso não possuísse ‘problemas’ anteriores” com dois deles.
De acordo com Cardoso, esses dois agentes ‘perseguiam’ o filho de Brazzolin, após o policial civil denunciá-los por uma ocorrência de suposta execução de um jovem na cidade, que também era amigo do filho de Brazzolin.
A advogada Larissa Torquetto, que defende os três policiais militares no caso, afirmou que as denúncias feitas por Brazzolin contra eles são falsas, já que são acompanhadas de provas. Ela acrescentou que o policial civil, na verdade, era quem ‘perseguia’ os agentes.
“Ele [Brazzolin] deveria ser um ‘irmão de força’ e não um adversário ou um criminoso”, afirmou a advogada sobre as ações do policial civil em frente a delegacia. A profissional disse, ainda, que o policial civil tentou matar um dos PMs quando mirou no rosto dele, mas o tiro acertou de raspão.
Versões diferentes
Eduardo Brazzolin, de 65 anos, foi morto por um policial militar durante uma discussão em frente à Delegacia Sede de Guarujá (SP), na madrugada de 28 de fevereiro de 2022. Durante o registro da ocorrência, foram apresentadas duas versões para as circunstâncias do crime.
Em uma das versões, os policiais militares envolvidos na situação alegaram que estavam em patrulhamento quando foram informados de que havia um suspeito armado em uma praça. Eles teriam passado algumas vezes no local, e o homem teria feito gestos obscenos em direção à viatura.
Os PMs alegaram que tentaram abordar o jovem, um motoboy na época com 23 anos, mas ele apresentou resistência, sendo necessária a utilização de força para imobilizá-lo. Outras equipes foram acionadas para prestar apoio.
De acordo com o boletim de ocorrência, obtido pelo g1 à época, o motoboy foi conduzido à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro Enseada, por conta de escoriações causadas pelo uso da força, e em seguida foi levado à Delegacia Sede.
Em outra versão, também segundo o boletim de ocorrência, o filho de Eduardo Brazzolin contou que estava em um restaurante com o amigo motoboy, quando ambos perceberam que policiais militares passaram várias vezes pelo local e apontaram na direção deles.
Por esse motivo, eles resolveram sair do estabelecimento e seguiram em direção aos respectivos carros. O filho do policial civil teria sido abordado e viu que o amigo estava na mesma situação.
Segundo a versão do jovem, os policiais militares, ao tomarem conhecimento de sua identidade, ameaçaram o pai dele de morte. O amigo, por sua vez, foi conduzido à viatura da Força Tática. Na sequência, o filho do policial civil entrou no carro, foi para casa e, por volta da 0h50, contou para o pai o que havia ocorrido.
O jovem explicaram que ele e o pai foram à delegacia procurar pelo motoboy e, após 15 minutos, o encontraram dentro da viatura da PM. Houve uma discussão entre o pai dele e um policial militar, em frente à delegacia.
Outros três PMs foram para cima do policial civil, que foi empurrado e imobilizado pelo policial militar. O PM que iniciou a discussão efetuou seis disparos contra o policial civil, que caiu e morreu no local.