Ainda há 10 pessoas desaparecidas no estado. Força-tarefa com equipes de policiais, bombeiros e agentes da Defesa Civil trabalha nas cidades afetadas.
Duas semanas após a passagem do ciclone extratropical pelo Rio Grande do Sul, cidades atingidas ainda precisam lidar com a reconstrução de suas casas, recuperação de feridos e atendimento a desabrigados. Para familiares e amigos de quem está desaparecido, no entanto, o momento ainda é de angústia na busca de quem ficou perdido durante a enchente. (veja abaixo quem são os desaparecidos)
De acordo com o boletim da Defesa Civil divulgado na manhã desta segunda-feira (18), são 10 pessoas nesta situação: uma em Arroio do Meio, uma em Encantado, uma em Roca Sales, uma em Santa Tereza, duas em Lajeado e quatro em Muçum. Uma mobilização conjunta de autoridades, liderada pela Polícia Civil, com equipes da Defesa Civil e do Corpo de Bombeiros Militares mantém as buscas nestas cidades.
Sueli Ferrari, tia de Alciano Bianchi, 38 anos, um dos desaparecidos, tem esperança de encontrá-lo vivo, mas a família enfrenta momentos difíceis, como quando teve de ouvir para observar os urubus no céu, o que poderia indicar a presença de corpos.
“É triste. Mandam a gente procurar pelos urubus. A informação que nos passaram é que temos que observar este detalhe. O urubu sobrevoa o cheiro, mas não pousa onde tem ser humano”, diz Sueli Ferrari, tia de Alciano Bianchi, de 38 anos, desaparecido desde 4 de setembro.
Segundo Sueli, a orientação não foi oficial, mas dada por pessoas da cidade ou que ajudam nas buscas. O Corpo de Bombeiros Militar do RS (CBMRS), responsável pela operação de buscas na região, afirma que as equipes “estão empenhadas em localizar todos os desaparecidos, sem distinção” e que a orientação para procurar por urubus no céu “não é uma conduta do CBMRS”.
De acordo com a família, Bianchi é bombeiro voluntário e foi por conta própria para Muçum, onde tentou ajudar quem estava ilhado após a enchente. Ele tem experiência em resgates e formação para atuar em situações de risco, diz a família. Alciano mora com a mãe e tem uma filha de 13 anos. Ainda há esperança em encontrá-lo vivo.
“Esperamos encontrá-lo com vida, mas cada dia que passa fica mais difícil. Enquanto não tem corpo, tem esperança. Meu apelo é que dobrassem as buscas, que não desistissem de buscar. A gente precisa saber onde ele está e se está vivo ou morto, porque dói muito”, diz Sueli.
A força-tarefa conjunta dos órgãos do RS ganhou o nome de Operação Desaparecidos e é coordenada pela Polícia Civil. “Cada instituição participa com todas as suas possibilidades”, explica o responsável pela operação, delegado Silvio Huppes.
A Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros também atuam na operação. Os bombeiros têm 191 militares mobilizados nas buscas por vítimas. Cães farejadores reforçam o efetivo.
Na última semana, a Polícia Civil mobilizou equipes nas sete cidades mais atingidas pelas enchentes e trabalhou para identificar e localizar desaparecidos. O número, que havia chegado a 116 inicialmente, caiu para nove. O que acontecia é que, como as cidades ficaram incomunicáveis devido aos estragos causados pelo desastre, familiares buscaram as autoridades para dizer que havia pessoas próximas desaparecidas, mas, na verdade, elas estavam seguras, porém sem conseguir contatá-los.
Como famílias podem contatar a polícia
De acordo com a Polícia Civil, registros de ocorrência sobre novos desaparecimentos ou qualquer informação relevante podem ser feitas na delegacia mais próxima ou pelo telefone (51) 9 8444-0606.
Quem são os desaparecidos:
Lajeado:
Ariel Delmo Armani, 25 anos, desaparecida desde 5 de setembro.
Carlos André Pereira, desaparecido desde 4 de setembro.
Roca Sales
Rodrigo Martins Lopes, desaparecido desde 4 de setembro.
Deiser Cristiane Vidal, desaparecida desde 4 de setembro.
Muçum:
Terezinha Torres da Silva, 66 anos, desaparecida desde 4 de setembro. De acordo com a família, o marido dela foi encontrado sem vida, mas ela ainda não foi localizada.
Deoclydes José Zilio, 93 anos, desaparecido desde 4 de setembro.
Alciano Bianchi, 38 anos, desaparecido desde 4 de setembro (de acordo com a família, ele foi ajudar no resgate de atingidos pelas enchentes em Muçum e desapareceu).
Arroio do Meio:
Alexandre Eduardo Macedo de Assis, 48 anos, desaparecido desde 5 de setembro. A família diz que ele foi visto pela última vez em cima do telhado da casa em que vivia antes de ser levado pela enchente.
Encantado:
Paulo Lansini, 68 anos, desaparecido desde 5 de setembro (de acordo com a família, foi levado pela enchente).
Santa Tereza:
Mulher de 45 anos, cujo companheiro morreu após as enchentes