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Quase 8 anos após tragédia em Mariana, atingidos lançam campanha para cobrar reparação dos danos

Eles também reivindicam maior participação popular nas discussões sobre novo acordo de reparação. Rompimento da barragem de Fundão aconteceu em 5 de novembro de 2015 e deixou 19 pessoas mortas.

Pescadores cobram indenização por tragédia de Mariana — Foto: Comunicação MAB/ Divulgação

Atingidos pelo rompimento da barragem da Samarco, em Mariana, na Região Central de Minas Gerais, lançaram nesta terça-feira (26) a campanha “Revida Mariana”, que reivindica a reparação integral dos danos causados pela tragédia.

O dia de atos e mobilizações começou uma audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).

No encontro, os atingidos também cobraram maior participação popular nas discussões sobre o novo acordo de reparação, que estava previsto para 2021 e ainda não foi assinado.
“Os governos e as instituições estão discutindo um mega acordo, um acordo bilionário, sobre o futuro da vida na bacia do Rio Doce sem a participação dos atingidos”, afirmou Thiago Alves, da coordenação nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB).

📌No ano passado, a Samarco e suas acionistas, Vale e BHP, chegaram a oferecer R$ 112 bilhões para a repactuação, mas o governo de Minas Gerais discordou da forma de pagamento proposta pelas mineradoras, e o acordo não foi fechado.

📌A discussão sobre a reparação dos danos continua quase oito anos após a tragédia, ocorrida em 5 de novembro de 2015.

📌O rompimento da barragem de Fundão deixou 19 pessoas mortas, destruiu comunidades e contaminou o Rio Doce.

📌Ainda hoje, os reassentamentos não foram concluídos, e pessoas atingidas ainda esperam ser indenizadas.

“Eu moro na calha do Rio Doce e, até hoje, a empresa não quer nos reconhecer como atingidos. […] O dinheiro que ela deu foi tanto, tanto, que nós quase estamos passando fome”, disse o pescador Jorge Gremelich.
Nesta terça-feira, os atingidos ainda esperam se reunir com representantes das instituições de Justiça.

Respostas

Em nota, a Fundação Renova, criada para a reparação dos danos, afirmou que, dos cerca de 240 imóveis previstos para o novo Bento Rodrigues, aproximadamente 160 estão prontos. Em Paracatu, quase 70 de um total de 90 estão concluídos.

A Renova disse que, até julho, mais de 429,8 mil pessoas receberam indenizações e que “ações integradas de restauração florestal, recuperação de nascentes e saneamento estão acontecendo ao longo da bacia do rio Doce”.

A Samarco afirmou que a empresa e suas acionistas “reforçam o compromisso com a reparação integral dos danos causados pelo rompimento da barragem de Fundão”.

O g1 questionou o governo de Minas e o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), mediador do novo acordo de reparação, sobre a reivindicação dos atingidos de maior participação popular e aguarda retorno.