O MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) pediu na última terça-feira (17) que o vice-presidente de futebol do Flamengo, Marcos Braz, seja autuado por lesão corporal após brigar com um torcedor da equipe rubro-negra em um shopping do Rio de Janeiro, em 19 de setembro.
Além de Braz, que é vereador no Rio, o MP também pede o indiciamento de Carlos André da Silva, outro presente na cena, por lesão corporal.
“O Ministério Público requer a retificação da autuação do presente processo, devendo constar Marcos Teixeira Braz e Carlos André Simões da Silva como autores do delito de lesão corporal, previsto no art. 129 do Código Penal e vítima Leandro Gonçalves Junior, ressaltando que há representação da vítima em face dos autores”, escreveu o promotor Márcio Almeida Ribeiro da Silva, em documento obtido pela reportagem.
De acordo com relato do Ministério Público, que se baseou nas imagens das câmeras de segurança, nos exames de corpo de delito e nos depoimentos feitos à polícia, o dirigente rubro-negro “desferiu golpe” e depois “mordeu” Gonçalves.
“Imperioso ressaltar que as imagens captadas pelo sistema de monitoramento do shopping revelam, claramente, a iniciativa do senhor Marcos Braz ao sair correndo da loja na qual se encontrava, seguido de Carlos André, para agredir o senhor Leandro Gonçalves, tendo Marcos corrido repentinamente em direção a vítima e, ao alcançá-lo, desferiu um golpe na altura do pescoço, pelas costas, derrubando-o ao solo, caindo sobre a vítima, momento em que teria efetuado uma mordida em sua coxa direita, ocasionando a lesão demonstrada no laudo supracitado”, escreveu o promotor.
“Simultaneamente, é possível notar a prática de chutes por parte do senhor Carlos André da Silva contra a cabeça e corpo do senhor Leandro Gonçalves e, logo em seguida, enquanto o ofendido ainda estava caído ao solo, o senhor Marcos Braz desfere chutes e soco contra a vítima Leandro. As agressões somente cessaram em razão da intervenção dos seguranças do shopping”, acrescentou.
No documento obtido pela ESPN, o promotor também pede que Leandro Campos Gonçalves, o torcedor que foi às vias de fato com Braz, seja absolvido no caso, já que “não houve elementos para comprovar as agressões” contra o dirigente flamenguista.
“No que tange a suposta ocorrência de lesão corporal e ameaça à vítima Marcos Braz, em razão de condutas imputadas ao senhor Leandro Gonçalves, não há nos autos nenhum elemento de prova consistente que indique prática delituosa por parte de Leandro, especialmente agressão física que pudesse importar em reação ou defesa dos agressores Marcos e Carlos, nem mesmo existem áudios ou declarações críveis a indicar a prática de ameaça, pelo que o Ministério Público não vislumbra a presença dos indícios necessários para configuração dos mencionados delitos, considerando que estão ausentes os elementos probatórios mínimos a dar suporte à eventual ação penal”, ressaltou.
“Saliente-se que, apesar de o laudo atestar lesão no nariz do senhor Marcos Braz, não há elementos que indiquem a autoria delitiva por parte de Leandro Gonçalves, sendo certo que, pela análise das imagens que registraram o ocorrido, resta evidente a ausência de qualquer ato de agressão física por parte de Leandro, que não conseguiu esboçar nenhuma defesa diante da iniciativa de agressão praticada pelo senhor Marcos, para a qual concorreu o senhor Carlos André, levando à conclusão de que Marcos se lesionou ao cair sobre o ofendido”, complementou.
O MP ainda diz que não há relatos de testemunhas imparciais que comprovem que Gonçalves tenha ameaçado Braz ou incitado a briga.
“Os termos de declarações de Marcos e Carlos distoam da realidade dos fatos revelados pela análise das imagens, tornando suas versões frágeis a respaldar a pretendida justificativa para suas condutas”, apontou a promotoria.
Vale lembrar que, em entrevista coletiva um dia depois da briga, Marcos Braz justificou a briga dizendo que recebeu ameaças de morte e que sua filha de 14 anos foi ofendida.
A ESPN procurou o vice-presidente do Flamengo, que se defendeu: “Esse tema está entregue ao meu advogado. O que eu posso adiantar é que segundo o advogado, as bases do MP foram somente imagens, sem áudio. Nenhuma testemunha minha foi ouvida. Tudo muito inicial. Respeitamos o encaminhamento do MP, mas tem muita coisa pela frente a ser apurada no processo”.