O Comando Geral da Polícia Militar decidiu pela expulsão de dois, dos três militares, acusados de participar da Máfia do Pix. Os militares, lotados no Batalhão de Policiamento de Trânsito (BPTran), foram submetidos a Procedimento Administrativo Disciplinar (PAD) sob a acusação de exigir pagamento de propina em troca da liberação de aplicação de multas durante as fiscalizações.
Os crimes vieram à tona após uma operação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público Estadual e do próprio BPTran, deflagrada em dezembro de 2021. Os militares foram flagrados em áudios. Na época, foram presos três militares e um civil. RELEMBRE A OPERAÇÃO
A corporação, no entanto, decidiu pela expulsão de dois militares, sendo um cabo e uma soldado. O processo administrativo da Polícia Militar foi concluído nesta quarta, 18 de outubro, e deve ser encaminhado à Procuradoria Geral do Estado. O terceiro militar investigado foi condenado a 30 dias de reclusão.
O ESQUEMA
“Policiais Militares lotados no BPTran usariam dos serviços realizados por eles, que seria a fiscalização de trânsito, para exigir o pagamento de propina em troca da liberação da aplicação das multas. Duas guarnições estariam envolvidas no esquema e atuariam fazendo abordagens a motoristas e, em caso de encontrarem possível irregularidade obrigariam o condutor a pagar propina com o intuito de não ter a multa aplicada ou a CNH ou próprio veículo recolhido”.
Os motoristas que alegavam não possuir dinheiro para escapar da penalidade e consequentemente da apreensão de sua CNH e carro, as equipes obrigavam a realização dos depósitos, detalhou o Gaeco. “Os suspeitos obrigavam os condutores a fazerem transferências bancárias”.
Diálogos
Em um dos diálogos, um policial que participa do esquema recebe uma ligação de outro militar, informando que um veículo foi apreendido por não estar emplacado. O PM orientou o colega a não aplicar a multa e disse que chamaria um guincho para recolher o carro. A empresa foi acionada para levar o veículo, no entanto, para isso, o motorista precisara pagar a propina, cuja transferência teria sido feita para uma conta no Banco Bradesco. Essa conta pertence ao outro homem preso que participava do esquema emprestando os dados bancários para o recebimento do dinheiro ilegal.
Em outra conversa interceptada, o mesmo policial, que supostamente comanda o negócio ilícito, orienta um condutor a deixar o dinheiro da propina em um estabelecimento comercial que pertence a um membro da sua família.