Política

Decisão de Pacheco suspendeu indicações para STJ e embaixadas; equipe alertou Casa Civil

A decisão do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), de suspender o envio de nomes aprovados pela Casa para ocupar vagas no Superior Tribunal de Justiça (STJ) acabou atingindo também as nomeações de dois embaixadores.

TV Senado/Reprodução

Presidente do Senado, Rodrigo Pacheco

Pacheco mandou cancelar todos os atos da Mesa Diretora do Senado desta quarta-feira (1º). A decisão freou a publicação das indicações de:

  • Daniela Teixeira, única mulher entre os três indicados para cadeiras no STJ;
  • dois embaixadores: Rodrigo Gabsch (Kuwait) e Carlos Luiz Dantas Perez (República Dominicana).

A anulação dos atos da Mesa Diretora ocorreu por suspeita de favorecimento à Daniela Teixeira.

Apesar de Pacheco ter assinado, ao mesmo tempo, o envio do nome dela e dos outros dois futuros magistrados – Afrânio Vilela e Teodoro Santos –, apenas a nomeação de Daniela foi enviada para publicação no Diário Oficial.

Se fosse nomeada na frente dos demais, Daniela Teixeira teria o chamado “critério de antiguidade” em relação aos novos ministros. Com isso, poderia ter preferência ao escolher as turmas do STJ e em uma eventual indicação ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

A suspensão das mensagens que seriam publicadas no Diário Oficial da União freou também a posse dos três ministros – que, agora, só poderá acontecer quando a investigação sobre esse despacho da Mesa Diretora for concluída.

A assessoria da advogada de Daniela Teixeira informou que não teve acesso à decisão e que, por isso, não vai comentar o caso.

A assessoria de Pacheco afirmou à TV Globo na manhã desta quinta (2) que as cinco indicações serão enviadas na próxima segunda, em conjunto – um ato para os ministros do STJ, e outro para os embaixadores.

Casa Civil foi avisada

Não se sabe o que ocorreu, mas houve um erro que partiu do Senado e surpreendeu Pacheco. Segundo interlocutores no Senado, a Casa Civil chegou a preparar uma edição extraordinária do Diário Oficial da União para publicar a nomeação de Daniela Teixeira como ministra do STJ.

O Executivo, no entanto, foi avisado pela equipe de Rodrigo Pacheco de um “erro de origem” no despacho. Com isso, a Casa Civil do governo Lula anulou a edição extra do Diário Oficial, que nem chegou a ser publicada.

Segundo senadores, o “erro de origem” é, na verdade, uma articulação de aliados da ministra Daniela Teixeira para que sua posse fosse antecipada.

Segundo interlocutores de senadores, desde o início houve uma tentativa que o nome da advogada tramitasse com preferência. O grupo chegou a defender que a sabatina dela fosse realizada antes das de Afrânio Vilela e Teodoro Santos.

A articulação, porém, não deu certo. Segundo assessores do Senado, se Daniela Teixeira fosse nomeada e tomasse posse antes dos demais, acabaria ganhando quatro anos no TSE – isso, porque Vilela e Santos são mais velhos.

O presidente do Senado determinou a abertura de uma sindicância para identificar não só quem foi o funcionário responsável por enviar apenas o nome de Daniela Teixeira, mas também se pessoas externas ao Senado agiram para dar preferência ao nome da futura magistrada.