Técnico elogia dedicação do grupo aos conceitos em período de transição e tenta evitar que ambiente se contamine com pressão externa antes de último jogo da comissão interina nas Eliminatórias
Às vésperas do clássico com a Argentina, no Maracanã, o técnico Fernando Diniz reuniu os jogadores da seleção brasileira e blindou o grupo, sobretudo os mais jovens, em meio a críticas pelo início ruim do Brasil nas Eliminatórias.
Na avaliação do treinador e de sua comissão os atletas têm correspondido, em sua maioria, aos conceitos que são treinados e colocados em prática nos jogos, embora os resultados não apareçam ainda, como mostra a quinta posição na tabela de classificação.
Prestes a fazer sua última partidas nas Eliminatórias antes do fim do contrato com a CBF no meio de 2024, Diniz coloca em cena o seu lado mais elogiado, que é o de não deixar que o exterior contamine o ambiente de suas equipes. Na seleção, o desafio passa por apresentar esse discurso para jogadores com quem não tem a vivência no dia a dia, mas a aceitação é boa mesmo assim.
Segundo informações, Diniz tem procurado passar ao grupo retornos sobre o que que acontece no jogo, dizendo que os jogadores convocados estão fiéis aos seus conceitos, e que há satisfação com a maioria por entender que esse é um processo que está no início e requer um esforço de adaptação de todos.
Não à toa esses termos têm sido vistos nas entrevistas dos jogadores, desde os mais jovens. Endrick, o mais precoce deles, revelou ontem uma conversa com o técnico que dá o tom do trabalho extracampo que é feito para tirar a pressão em meio a um trabalho que é novo, e que tem pouco tempo para ser implementado.
– Diniz é um excelente treinador. Estava com receio de treinar, de fazer as coisas, e ele falou pra eu ser feliz, driblar, isso tirou um peso das minhas costas. Achava que tinha que chegar mais leve, sem querer fazer muitas coisas. Agora estou mais tranquilo. Espero que ele possa dar muito orgulho pra nossa seleção ainda – afirmou o atacante do Palmeiras, de 17 anos.
Nas conversas com Endrick e os demais, Diniz tem procurado trazer todos para dentro dessa realidade transitória, sem abrir mão de uma de suas principais filosofias, de que o futebol precisa ser jogado com alegria e solidariedade. Mesmo que no Maracanã diante da Argentina de Messi. Quando foi perguntado sobre o astro argentino, Endrick, mais uma vez, mostrou-se leve e natural.
– Pra mim, o Messi é um grande jogador, mas eu sou mais fã do Cristiano Ronaldo. A gente sempre brincava no videogame -, contou o jogador de 17 anos.
O atacante, porém, não poupou elogios ao argentino, adversário de amanhã, e na resposta deixou claro novamente que vai desfrutar do encontro ao invés de se sentir pressionado por ele.
– Messi é um cara fenomenal. Muito bom, melhor do mundo novamente esse ano. Só quero desfrutar o momento de poder jogar contra ele, poder estar no mesmo estádio que ele, poder olhar para ele de perto, cara que só via no videogame – completou Endrick.
Apesar da leveza do garoto, o jogo será um teste para que os jogadores, jovens e mais rodados, demonstrem se saberão lidar com uma torcida carente de uma seleção que vença e convença.
Por isso, Diniz vai optar pelo retorno de Gabriel Jesus, preparado para ser o homem-gol no duelo com a Argentina. Após se recuperar de lesão e ficar fora diante da Colômbia, o camisa nove está de volta como titular depois de não corresponder à altura na Copa do Mundo.
Outra mudança é a saída de Renan Lodi para a entrada de Carlos Augusto. No meio e na zaga, Diniz não promoverá mudanças.