Brasil

Atividade em colégio usa palha de aço para representar cabelos afro no Dia da Consciência Negra

Atividade de escola particular em Goiana associou palha de aço a cabelo crespo — Foto: Reprodução/WhatsApp

Uma escola particular localizada em Goiana, na Zona da Mata Norte de Pernambuco, utilizou palha de aço para representar cabelos afro durante uma atividade extracurricular aplicada para uma turma de ensino infantil no Dia da Consciência Negra, celebrado na segunda-feira (20).

Depois da repercussão dos fatos, o Colégio Ágape, onde aconteceu a atividade de cunho racista, se desculpou e informou que advertiu as duas profissionais envolvidas no episódio.

Segundo a instituição de ensino, o grupo que fez a atividade é composto por 15 alunos de 3 anos de idade. Fotos que circulam nas redes sociais mostram uma criança com a farda da escola sentada numa carteira, diante de um papel com um desenho.

Na imagem, há o contorno de um boneco pintado com tinta preta e, nos cabelos, tufos de palha de aço, num papel em que estão escritas as frases “minha obra de arte” e “consciência negra”. Outra foto mostra rolos do produto que estariam separados para a tarefa.

Nas redes sociais, a atividade foi criticada. Um internauta disse, na rede social X (antigo Twitter), que fez uma denúncia sobre o caso “aos órgãos competentes de educação”.

“Em Goiana/PE, a escola fundamentalista cristã e cheia de trabalhadores racistas mostrou a sua cara e enviou para as criancinhas esta atividade preconceituosa para o Dia da Consciência Negra”, disse.

Na terça-feira (21), um dia depois da aplicação da atividade, o Colégio Ágape publicou uma nota no Instagram pedindo desculpas e dizendo que a atividade foi “um ato isolado, praticado em uma atividade extracurricular que infelizmente as profissionais envolvidas tiveram uma ação totalmente contrária à nossa política de ensino”.

Na publicação, a escola afirmou também que “jamais corrobora com qualquer forma de discriminação, de raça, sexo, religião ou ideologia e que repudia toda e qualquer ação neste sentido”.

Professora e auxiliar foram advertidas
Ao g1, o mantenedor do Colégio Ágape, Walter Batista, disse que a professora e a auxiliar pedagógica envolvidas foram advertidas pela direção da unidade.

De acordo com ele, a atividade não faz parte da grade curricular da escola e as profissionais aproveitaram um material que já se encontrava na sala de aula para improvisar uma tarefa sobre o tema da Consciência Negra.

“A esponja de aço estava dentro da sala porque ela tinha utilizado em outra atividade dez dias antes. Quando chegou no dia da Consciência Negra, tinha sobrado o material lá e ela [a professora] teve a infelicidade de pegar esse material e utilizar para essa atividade, que não era curricular. Foi uma atividade que ela fez por si”, afirmou Batista.

O representante da instituição informou ainda que, após o episódio, a unidade fez uma reunião com todos os professores.

“Falamos a respeito do erro que houve. Elas [as profissionais envolvidas] participaram. Mas o intuito maior era olhar para dentro de cada um de nós para a gente não poder dar esses deslizes”, contou o mantenedor do colégio.

Procurada, a Polícia Civil informou que, até o momento, não recebeu registro do caso.

A reportagem também entrou em contato com a Secretaria Estadual de Educação e Esportes (SEE), que é responsável por fiscalizar a rede privada, mas, até a última atualização desta reportagem, não teve resposta.