Nos últimos anos, cada vez mais jogadores brasileiros se tornam conhecidos do público sem passagens por grandes clubes do Brasil e atuando por equipes europeias. Samuel Lino, de 23 anos, é mais um desses exemplos.
Contratado pelo Atlético de Madrid em 2022 após se destacar no Gil Vicente, em Portugal, foi emprestado ao Valencia e integrado por Diego Simeone ao time principal colchonero na temporada atual. Já são 12 jogos em todas competições, com três gols e quatro assistências.
À medida que se destaca em jogos de LALIGA e da Champions League, o jogador passa também a ter o nome ligado à seleção brasileira. Mas para qual posição? Samuel sempre foi atacante, mas no Atleti começou a jogar como ala pela esquerda em uma linha de cinco defensores.
Simeone gosta de usar jogadores destros de característica ofensiva pelo lado esquerdo. Era assim com Yannick Ferreira Carrasco, antes da saída do belga para o futebol saudita. Na Espanha, o termo usado para essa função é “carrillero”, diferente do que chamamos normalmente como lateral ou ala.
“Sou extremo, mas como jogamos com esse sistema de linha de cinco, o mister coloca um ala para jogar bem alto. Então aqui jogo de carrillero, como falam em espanhol, mas minha posição é extremo. Como falei, me sinto bem jogando de carrillerro, de ala ou o que seja, mas não sou lateral-esquerdo. Não gosto que chamem de lateral-esquerdo. É ala ou extremo”, explica Samuelm à ESPN.
A adaptação à função foi rápida também para o brasileiro. “A qualidade dos jogadores, de alto nível, me ajudou muito. É uma posição nova, mas não me surpreende muito, porque de extremo, ponta esquerda como falamos no Brasil, eu ficava mais alto e ia mais para o meio. Essa posição é igual, só que fico mais aberto. Estou me sentindo bem, na hora de defender é um pouco mais fácil porque tem uma linha de cinco, são muitos jogadores que ajudam a defender”.
Neste domingo (03), o Atlético de Madrid enfrenta o Barcelona no Estádio Olímpico de Montjuïc, às 17h (de Brasília), por LALIGA. As duas equipes somam 31 pontos cada, mas os rojiblancos têm um jogo a menos. A disputa pela primeira posição é com Real Madrid e Girona; podemos então colocar o Atleti nessa briga?
“Partida a partida, passo a passo, jogo a jogo. Vai ser mais uma batalha na parte de cima da tabela. Sabemos da importância do jogo, nosso objetivo é vencer. No final da temporada vamos ver o que vai acontecer”, afirma Samuel Lino, já totalmente adaptado ao Cholismo.
Futebol brasileiro
Lino é natural de Santo André, na região metropolitana de São Paulo. Começou tarde no futebol, com 16 anos, quando foi para o São Bernardo. Destacou-se em uma Copa São Paulo e o Flamengo percebeu seu talento. A vida no Rio de Janeiro, porém, não foi boa para o garoto.
“Foi uma passagem rápida. Ganhamos a Copa São Paulo e tive um pouco de dificuldade em me relacionar com o grupo, com as pessoas. Cada um tinha seu grupo de amizade, então foi um pouco difícil pra mim, mas serviu como experiência, foi um bom aprendizado. Treinei bastante com o time profissional também, então foi um momento para aprender. As poucas coisas que tirei daí levo para a vida, até hoje me ajudam”.
Ao retornar para a capital paulista, já tinha despertado interesse de outros clubes. O Corinthians queria vê-lo. Junto de seu empresário, foi até o Parque São Jorge para uma reunião. O encontro jamais aconteceu.
“Foi um episódio muito triste. Quando as coisas não começam bem, não vão bem. A gente tinha tudo apalavrado com o Corinthians, nesse dia ia assinar o contrato junto com meu empresário. E o pessoal que nos atendeu, uma pessoa específica que não sei quem é, nos tratou muito mal. Havia mil maneiras de nos ter tratado bem ou normal, mas nos tratou super mal. A gente não gostou. Eu e meu empresários nos sentimos desrespeitados. Então os caminhos foram diferentes, o destino foi diferente. Se hoje estou aqui no Atlético de Madrid, acho que tomei a decisão certa”.
Corintiano declarado, Samuel se frustrou com o acontecido, mas jamais deixou de ser positivo. Ouviu de seu empresário a promessa de que se transferiria para o futebol português. Foram três temporadas no Gil Vicente, que o projetaram no continente. “Começar tarde no futebol me dificultou muito no começo da carreira. Quando fui para Portugal, percebi que faltou a base pra mim, mas com o tempo fui aprendendo”.
E aprendeu muito bem. Hoje é um dos jogadores brasileiros com mais destaque na temporada 2023-24 do futebol europeu.