Futebol

Psicólogos explicam o que aconteceu com o Botafogo no Brasileirão

Para especialistas em psicologia do esporte, parte mental teve impacto no tropeço alvinegro, além das questões técnicas e táticas

Como um time que lidera o Brasileiro por 31 rodadas e chega a ter 13 pontos de vantagem sobre o segundo colocado consegue desidratar a ponto de cair para o quinto lugar na penúltima partida e deixar a briga pelo título para entrar na disputa por um lugar no G-4, com direito a vaga direta na Libertadores? Essa é a pergunta que não só os torcedores do Botafogo se fazem neste momento, em que a derrocada do alvinegro se confirmou. Para especialistas em psicologia do esporte, a parte mental teve muito impacto nessa equação, além das partes técnicas e táticas.

André Mello/Editoria de arte

Especialistas do divã avaliação ‘entregada’ do Botafogo no Brasileiro-2023

— Quando você pensa numa competição tão nivelada como o Brasileirão, não é qualquer um que tem a força psicológica para vencer. E muitas vezes isso faz a diferença. É muito comum ver atletas que têm toda a condição de vencer, mas se sabotam de alguma maneira — afirma Raphael Zaremba, professor de da PUC-Rio:

— Era muito pouco provável que o Botafogo mantivesse o aproveitamento de 80% até o fim da competição. Já deveria ser esperada uma oscilação em algum momento, a equipe ia ter uma queda de rendimento, era um campeonato longo. Então, tudo isso tem que ser levado em conta, e os atletas têm que ser preparados para isso.

Victor Cavallari, psicólogo especializado na área esportiva, acredita que faltou um trabalho para evitar o que o atacante Diego Costa admitiu que aconteceu: um clima de “oba-oba” entre os jogadores, diante da campanha excepcional do primeiro turno.

— A orientação da motivação para o resultado, no caso o título do campeonato, pode trazer armadilhas. O clima de oba-oba deve ficar restrito à torcida. Isso pode contaminar o grupo, tirando o foco do processo e do trabalho do dia a dia. E essa reorientação ao processo normalmente deve ser conduzida pelas lideranças. O trabalho da psicologia do esporte pode contribuir muito para isso. Um trabalho que vai do CT aos jogadores, construindo bases motivacionais importantes para a alta performance e sua sustentação.

O Botafogo tem um departamento de psicologia, liderado por Paulo Ribeiro, considerado referência na área.