Vitor Silva/Botafogo de Futebol e Regatas
A Série A do Campeonato Brasileiro em 2023 vai ficar na memória de todos os torcedores. Principalmente, claro, do Botafogo, que, nesta quarta-feira (6), se despede da temporada contra o Internacional, às 21h30 (de Brasília), no Beira-Rio, pela 38ª rodada.
Mas antes de começar a listar o “martírio glorioso”, é preciso explicar algo sobre a metodologia do que vem abaixo.
Para realizar este estudo, o DataESPN considerou as pontuações e marcas de acordo com o que foi visto na realidade.
Como o Brasileirão é notório pela quantidade excessiva de jogos adiados, nós, do departamento de análise estatística da ESPN, fomos atrás de como estava a tabela dia-a-dia, sem ser anacrônico e atribuindo pontos que vieram dias, semanas ou meses depois de uma rodada ser disputada. Assim, nós garantimos que todas as comparações são justas e vão de acordo com o que cada torcedor “sentiu” na época da disputa.
Além disso, todas as comparações serão desde 2006, quando o Brasileirão por pontos corridos contou pela primeira vez com 20 clubes. Dito isso, vamos aos principais destaques negativos do Botafogo.
Maior vantagem em um primeiro turno
Parecia um sonho. Desde 1995 sem conquistar o Brasileirão, o Botafogo se viu “solitário” na liderança com incríveis 13 pontos de vantagem para o vice-líder Palmeiras. No dia 12 de agosto, o Fogão venceu o Internacional por 3 a 1 e chegou a impressionantes 47 pontos, a melhor campanha de um time em um primeiro turno na história.
Em 2017, o Corinthians de Fábio Carille também conseguiu 47 pontos, mas o fez com 14 vitórias e 5 empates, enquanto o Botafogo fechou com 15 vitórias e 2 empates. Ou seja, pelos critérios de desempate do Brasileirão, a campanha botafoguense foi a recordista.
Os 13 pontos de folga em relação ao Palmeiras destroçaram o recorde anterior, que também era do Corinthians de 2017. Naquele ano, o Timão terminou o primeiro turno 8 pontos à frente do Grêmio.
Uma vantagem tão relevante dessas e ainda olhando o histórico dos 17 anos anteriores, em que 12 vencedores do 1° turno terminaram campeões (71% do total), faziam parecer questão de tempo até o tão sonhado título chegar.
O pesadelo veio com a perda do título já na 37ª rodada, com um jogo de antecedência.
Quanto mais alto, maior a queda…
Com a melhor campanha do primeiro turno, a diferença de desempenho para o segundo turno também se tornou um recorde… Negativo.
Nesta segunda parte do Brasileirão, o Botafogo tem 17 pontos, 30 a menos do que nos primeiros 19 jogos. Mesmo que ganhe do Internacional fora de casa na última rodada, a queda será de 27 pontos.
Antes deste ano, a pior diferença de um time do primeiro para o segundo turno era do Corinthians de 2017, passando de 47 pontos para 25, ou 22 a menos.
Segue o líder… Por um tempo
Para completar o calvário botafoguense, destacamos a maior quantidade de rodadas que um time que não foi campeão ficou na liderança.
Em 2023, o Botafogo assumiu a liderança pela primeira vez logo na 3ª rodada e assim ficou até a 33ª. Assim, foram 31 rodadas consecutivas como o guardião do topo.
Até então, nenhum time que não seria o campeão no fim do campeonato tinha ficado mais do que metade dos jogos em 1°.
O máximo havia sido 17 rodadas, com o Palmeiras, em 2009 (Flamengo foi campeão), e o Grêmio, em 2008 (São Paulo campeão).
Aliás, o Palmeiras de 2023, virtual campeão, pode dizer que finalmente, 14 anos depois, pôde exorcizar o trauma daquele ano. As semelhanças com o que aconteceu ao Botafogo são tão grandes, que o Verdão pode se sentir “vingado”.
É bem verdade que, em 2009, o Alviverde nunca chegou a abrir uma vantagem tão suntuosa quanto à do Botafogo este ano. Naquela ocasião, o time de Muricy Ramalho teve apenas 5 pontos de distância para o vice-líder São Paulo na 29ª rodada. Mas o Palmeiras viu o time que seria campeão, o Flamengo, ficar 13 pontos atrás (em 2023, o Palmeiras chegou a ficar 14 pontos distante do Botafogo).
Vale a pena destacar também que, dos 8 times que mais rodadas ficaram na liderança e não foram campeões, o Botafogo é o único que aparece duas vezes, sendo a outra ocasião em 2007, quando a equipe comandada por Cuca esteve por 12 rodadas no topo.