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Polícia Civil investiga ação de grupos que se reúnem para atacar suspeitos de crimes

‘Justiceiro’ de Copacabana mostra soco-inglês — Foto: Reprodução

A Polícia Civil do Rio investiga a atuação de grupos em bairros da Zona Sul carioca que estão se reunindo para atacar suspeitos de cometerem crimes na região. Na noite desta terça-feira, começaram a circular mensagens, em redes sociais, sobre a ação dessas pessoas. Isso acontece depois de o empresário Marcelo Rubim Benchimol ter sido agredido em Copacabana, na noite do último sábado, ao tentar ajudar uma mulher que estava sendo assaltada.

De acordo com a Polícia Civil, “diligências estão em andamento para identificar os envolvidos e esclarecer os fatos”. Já a Polícia Militar afirmou que equipes da corporação atuam nas ruas da Zona Sul e prenderão em flagrante qualquer envolvido em crimes e será realizada uma reunião com moradores, nesta quarta-feira, para desarticular “possíveis ações que fujam da legalidade”.

As mensagens que circulam nas redes afirmam que uma das ações dos grupos ocorreu em Botafogo. Dezenas de pessoas teriam se concentrado em frente a um shopping. Em vídeos compartilhados, é possível ver o grupo, com todos vestidos de preto, andando num canteiro divisor de pistas. Os integrantes tapam os rostos para não serem identificados.

Há relatos, ainda, de ações semelhantes em Copacabana. A PM informou que policiais do 19º BPM (Copacabana) viram, nesta terça-feira, um grupo seguindo para o bairro que, de acordo com dados de inteligência, atacaria suspeitos de cometerem crimes na região. Com a aproximação das equipes, as pessoas se dispersaram.

A Polícia Militar afirmou, ainda, que “vem aplicando esforços para reduzir os índices criminais, incluindo o furto a estabelecimentos comerciais e pessoas”. A corporação destacou que Copacabana recebe policiamento do batalhão da área, das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), do Bairro Presente e de agentes do programa Segurança Presente. De acordo com a corporação, a região também recebe apoio no policiamento da Operação Verão com unidades do Comando de Operações Especiais (COE) e do Comando de Policiamento Especializado (CPE).

A PM informou ainda que o comando do 19º BPM também trabalha com a Polícia Civil com o objetivo de identificar os envolvidos em tais ações. Somente no bairro de Copacabana, nos últimos dez dias, o batalhão encaminhou quase 150 pessoas para a delegacia da região e 58 foram conduzidas para abrigos municipais.

Quatro pessoas foram presas e seis menores, apreendidos. Onze facas foram encontradas com suspeitos.

Agressão em Copacabana
Benchimol havia saído de cada no início da noite do último sábado para ir à academia. Enquanto caminhava pela calçada na Avenida Nossa Senhora de Copacabana viu uma mulher sendo abordada por um grupo de criminosos e decidiu ajudá-la.

— Pensei: “Ou eu fujo ou eu ajudo ela”. Optei por ajudar. E aí começou a pancadaria, até me desvencilhei, mas depois, por último, veio um rapaz e me deu um soco por trás. Eu estava de óculos, e os óculos enterraram no meu olho, e desmaiei. Só fui acordar na UPA, graças a dois bons policiais que me ajudaram — contou ele.

A agressão contra Benchimol foi flagrada por câmeras. As imagens mostram a vítima sendo agredida com um soco e caindo desacordada. É possível ver quando a mulher é cercada na calçada por um grupo de suspeitos e o homem intervém. Além do soco, ele levou chute e empurrões.

Ação em 2015

Em setembro de 2015, uma equipe do GLOBO flagrou uma ação de um grupo que se reuniu na Avenida Nossa Senhora de Copacabana. Pelo menos dez pessoas, que seriam moradores da região, cercaram um ônibus que estava voltando da praia e quebraram a socos os vidros do coletivo. O objetivo era agredir jovens que estavam no veículo. Na ocasião, houve tumulto e correria. Policiais foram acionados para o local, dispersam a confusão e evitaram um linchamento. A cena ocorreu num domingo após um sábado em que foram registrados arrastões em ruas da Zona Sul.

O ônibus cercado era da linha 474 (Jacaré-Jardim de Alah), que estava lotado. Algumas pessoas que estavam no coletivo saltaram por uma janela quebrada. Na época, a Polícia Civil abriu uma investigação sobre o grupo cercou o veículo, mas ninguém foi preso.