A polícia apreendeu, no Paraguai, 1,8 mil armas na megaoperação contra o grupo comandado pelo maior traficante de armas da América do Sul, Diego Dirisio, deflagrada na terça-feira (5). Ele e a mulher, Julieta Nardi, seguem foragidos e os nomes foram incluídos na difusão vermelha da Interpol.
O inventário desse material, assim como de dinheiro e bens, terminou na manhã desta quarta-feira (6).
Os principais alvos das buscas foram a sede da empresa de Dirisio e a mansão dele no Paraguai.
Os alvos incluíram também imóveis residenciais, empresas, pessoas físicas e jurídicas, militares e agentes públicos acusados de envolvimento com o esquema bilionário do tráfico de armas que abastecia facções criminosas aqui no Brasil.
No Paraguai, foram apreendidos:
👉 611 armas de grosso calibre como fuzis, metralhadoras e rifles (valor estimado: R$ 20 milhões)
👉 1.212 pistolas calibre 9 milímetros (R$ 6 milhões)
👉 US$ 87,1 mil em espécie e US$ 96 mil em cheques
👉 US$ 250 mil dólares em relógios e US$ 50 mil dólares em canetas de luxo
O número de de armas apreendidas deve ser ainda maior porque, segundo os investigadores, existe um outro depósito da empresa de Diego Dirisio, que ainda não teria sido aberto.
A investigação começou em 2020, quando pistolas e munições foram apreendidas em Vitória da Conquista, no sudoeste da Bahia. As armas estavam com o número de série raspado, mas, por meio de perícia, a PF conseguiu obter as informações e avançar na investigação.
Na terça-feira, a Polícia federal deflagrou uma operação contra um grupo suspeito de entregar 43 mil armas para os chefes das maiores facções do país — Primeiro Comando da Capital e Comando Vermelho. É nessa operação que Diego Dirisio e a esposa, Julieta Nardi, passaram a ser investigados.
Segundo as investigações, Dirísio comprava armas fabricadas em países como Croácia, Turquia, República Tcheca e Eslovênia, para revender a criminosos brasileiros.
Pelo menos 14 pessoas são investigadas por suspeita de participação no esquema e 12 já foram presas. Diego Dirísio e a esposa são alguns dos que seguem foragidos.
Entre os investigados, está o general Arturo Javier González Ocampo, que até pouco tempo atrás ocupava o cargo de Chefe do Estado Maior General da Força Aérea do Paraguai.
Funcionárias da empresa IAS, de Diego Dirísio, foram flagradas em conversas interceptadas, com autorização judicial, pedindo ao general Arturo Gonzales Ocampo para interceder na DIMABEL, órgão militar de controle de armas.
Segundo apurou o Blog da jornalista Andréia Sadi, na DIMABEL, órgão paraguaio responsável por controlar, fiscalizar e liberar o uso de armas, os investigados ocupam cargos de tenente, general, coronel e capitã.
Entre eles, estão:
👉 Presa: Tenente Cinthia Maria Turro Braga, encarregada de estar à frente da parte de Assessoria Jurídica do Registro Nacional de Armas (RENAR) da DIMABEL;
👉 Presa: Capitã Josefina Cuevas Galeano, que estaria na função de Chefe de Importações;
👉 Preso: Coronel Bienvenido Fretes, encarregado do departamento de Registro Nacional de Armas (RENAL) da DIMABEL;
👉 Investigado: Cesar Adolfo Benitez Pappalardo, identificado no relatório final de análise como pessoa que passava informações sobre a apreensão de armas no Brasil para Dirísio;
👉 Investigado: General Jorge Antonio Orue Roa (ex-diretor da DIMABEL no período em que a empresa IAS realizou importações que teriam como destino o Brasil).