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MP denuncia ex-diretores de presídio por abusos contra servidoras

Presídio de Ibirité, na Grande BH — Foto: Reprodução/TV Globo

O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) denunciou dois ex-diretores do Presídio de Ibirité, na Grande BH, por abusos contra sete servidoras da instituição.

De acordo com o documento, Valdeci Pereira Maciel, na época diretor-adjunto da unidade, vai responder por assédio, importunação sexual, perseguição e violência psicológica. Ele foi indiciado pela Polícia Civil em setembro deste ano.

Já Pedro Ferrare Ferreira, que era diretor-geral do presídio, está sendo denunciado pela omissão diante dos fatos, já que, segundo o MPMG, sabia dos abusos, mas não tomou providências.

O Ministério Público também pede que ambos percam os cargos públicos.

A advogada Cristiane Marra, que representa Valdeci Pereira Maciel, disse que “a defesa provará no curso da instrução processual que os fatos não se deram como narrados na peça acusatória e, em momento oportuno, tudo restará demonstrado e a absolvição será consequência da verdade”.

TV Globo tenta contato com a defesa de Pedro Ferrare Ferreira.

A reportagem procurou a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) e aguarda retorno.

Entenda o caso

 

Em maio deste ano, servidoras públicas do Presídio de Ibirité denunciaram o diretor-adjunto da unidade, Valdeci Pereira Maciel, por ameaça e assédio sexual. Elas também relataram sofrer constrangimentos, assédio moral e perseguição durante o horário de trabalho.

Na época, uma policial penal disse que adoeceu depois de sofrer diversos assédios. Ela foi afastada para tratamento médico.

“Abraços constrangedores no qual ele nos apertava, beijava, pegava nosso rosto, olhava no fundo do nosso olho e ficava assim: ‘Eu te amo’. Eu ficava extremamente constrangida com o tipo de abraço que ele me dava e era sempre na frente dos outros colegas para nos intimidar”, contou.

Outra policial penal disse que, em setembro do ano passado, Maciel chegou a oferecer dinheiro a ela em troca de sexo.

“Ele virou para as minhas colegas e falou: ‘Tá vendo? Quanto mais nervosa ela fica, mais ela me provoca. Só por isso eu estou pagando R$ 30 mil’. Eu falei: ‘Qual é a parte que você não entendeu que eu não faço sexo por dinheiro?’. Ele falou: ‘Senhora, todo mundo tem seu preço. Agora, eu estou pagando R$ 50 mil'”.

 

Segundo as mulheres, os abusos começaram quando Valdeci Pereira Maciel tomou posse como diretor-adjunto do presídio.

De acordo com a advogada Fernanda Orly, que representa quatro vítimas, várias denúncias foram feitas na Sejusp entre 2019 e 2022.